
Era uma tarde como qualquer outra em São José do Rio Preto — até que o silvo de um trem cortou o ar e, com ele, uma vida se esvaía. Quatro anos depois, a Justiça finalmente deu seu veredito: a Rumo Logística terá que desembolsar R$ 150 mil para a família do adolescente de 17 anos que perdeu a vida num trágico acidente em 2021.
O caso, que chocou a cidade do interior paulista, ganhou novos capítulos nesta semana. A 2ª Câmara de Direito Público do TJ-SP manteve a condenação — e olha que a defesa da empresa tentou de tudo para reverter a decisão. Alegaram até que o jovem "invadiu a área da ferrovia". Só que o tribunal não comprou essa história.
Os detalhes que pesaram na decisão
Os desembargadores foram categóricos: a ferrovia não tomou as precauções necessárias. "Faltou sinalização adequada", anotou um dos magistrados no acórdão. E não era difícil prever que pessoas transitariam por ali — afinal, era um caminho usado pela comunidade há anos.
O valor da indenização? Dividido assim:
- R$ 50 mil para danos morais
- R$ 100 mil por danos materiais (perda de ajuda financeira que o jovem dava em casa)
Curiosamente, o juiz de primeira instância havia fixado valor maior — R$ 200 mil. Mas a família aceitou a redução para evitar novos desgastes. "Já sofremos demais", disse a mãe, em entrevista coletiva com voz embargada.
O outro lado da história
A Rumo, claro, não ficou satisfeita. Seus advogados argumentaram que há "excesso de responsabilização" — como se a empresa fosse vítima nessa história toda. Mas os tribunais têm sido implacáveis: essa já é a terceira condenação do tipo em menos de um ano na região.
E aí, será que casos como esse vão fazer as ferrovias repensarem suas políticas de segurança? Difícil dizer. O que sabemos é que, enquanto discutem, famílias continuam chorando seus mortos — e a Justiça, ainda que tardiamente, tenta amenizar a dor com cifras que nunca trarão ninguém de volta.