
Não é exagero dizer que as rodovias federais do Pará viraram um palco de tragédias nos últimos dias. Em apenas 13 dias — tempo que durou o recesso escolar —, a Polícia Rodoviária Federal contabilizou nada menos que 28 acidentes e 12 vidas perdidas. Um número que, convenhamos, dá frio na espinha.
Segundo os agentes, o período entre 1º e 13 de julho foi marcado por uma combinação fatal: estradas movimentadas, motoristas apressados e, claro, aquele velho hábito brasileiro de achar que as leis de trânsito são sugestões. "É sempre assim nas férias", comenta um PRF que prefere não se identificar, "o pessoal esquece que pneu careca e sono não combinam com direção".
O que os números não contam
Por trás das estatísticas secas — sim, 12 mortes são 12 histórias interrompidas —, há padrões que se repetem:
- Colisões frontais (aquelas de fazer o coração parar) lideram o ranking
- Ultrapassagens arriscadas respondem por 40% dos casos
- Quase 60% ocorreram em trechos considerados "seguros" — ironia cruel
E tem mais: a BR-316 e a BR-230, velhas conhecidas dos paraenses, concentraram 70% das ocorrências. Quem trafega por ali sabe — são estradas que parecem desafiar a física, com curvas que não perdoam distrações.
Fator humano: o grande vilão?
Os relatórios são claros: em 8 de cada 10 casos, o erro humano entra em cena. Seja pelo celular no volante (aquela mensagem "urgente" que nunca é), seja pela pressa de ganhar meia hora na viagem. "Tem gente que trata a estrada como autódromo", dispara um agente experiente.
Mas nem tudo é desleixo. Alguns trechos — vamos combinar — parecem ter sido desenhados por alguém com ódio de motoristas. Má sinalização, buracos que surgem do nada e aquela iluminação que some quando mais se precisa. "Temos pontos críticos que são verdadeiras armadilhas", admite um PRF.
O que esperar das próximas férias? Se depender das autoridades, operações mais rígidas e — quem sabe — um pingo de consciência dos condutores. Porque no fim, como diz o ditado, melhor perder um minuto na vida que a vida num minuto.