Tragédia no trânsito: maratonista mais velho do mundo morre atropelado aos 114 anos
Maratonista mais velho do mundo morre atropelado aos 114 anos

Imagine correr uma maratona aos 100 anos. Agora, imagine continuar correndo até os 114. Fauja Singh, o indiano que virou lenda viva do esporte, não precisava imaginar – ele viveu isso. Mas eis a ironia cruel: o homem que desafiou a idade em pés velozes foi vencido por um carro em movimento lento.

Na última sexta-feira, as ruas de Londres testemunharam o fim trágico dessa história. Singh, que começou a correr aos 89 anos (sim, você leu certo), foi atingido por um veículo enquanto caminhava. O acidente aconteceu perto de sua casa, num daqueles momentos absurdos que a vida insiste em nos apresentar.

O homem que corria contra o tempo

Nascido em 1911 – quando o Titanic ainda era apenas um navio novo – Singh só descobriu o atletismo quando a maioria já pensa em aposentadoria. "Comecei tarde, mas corri até o fim", brincava ele em entrevistas. Entre suas façanhas:

  • Completou 9 maratonas (a última aos 101 anos)
  • Virou garoto-propaganda de esportes aos 103
  • Tinha tênis de corrida mais novos que muitos netos

Médicos que o examinaram diziam que seu coração tinha a vitalidade de um homem de 40 anos. "Deve ser todo esse exercício", comentou certa vez, com aquela simplicidade que só os verdadeiramente grandes possuem.

Um final inesperado

A polícia local confirmou que o acidente ocorreu por volta das 8h30. Testemunhas disseram que Singh atravessava a rua com cuidado – ironicamente, o mesmo cuidado que tomava nas maratonas. O motorista, um homem de 23 anos (quase um século mais novo que a vítima), parou no local e prestou socorro.

"Ele estava consciente quando chegamos", relatou um paramédico. "Falou sobre querer voltar a treinar na semana seguinte." Singh não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

Nas redes sociais, a comoção foi imediata. De atletas olímpicos a corredores amadores, todos lembravam do "avô do esporte" que provou que idade é só número. Até o primeiro-ministro britânico mencionou o caso: "Uma vida extraordinária terminada de forma comum demais".

O Guinness Book, que o certificou como o maratonista mais velho em 2011, emitiu nota destacando seu "espírito inquebrantável". Já a família pediu privacidade, mas adiantou que planeja criar uma fundação para idosos atletas – o melhor tributo possível a quem transformou o envelhecimento em arte.

E assim se vai Fauja Singh, não nas pistas como imaginávamos, mas deixando um legado que corre mais rápido que qualquer recorde. Resta a lição: na estrada da vida, às vezes o perigo não está na distância, mas no caminho de volta para casa.