
Três meses se passaram. Três meses de luto, de perguntas sem resposta, de noites maldormidas. No Acre, famílias seguem esperando — não só por justiça, mas por um mínimo de respeito.
O acidente que matou três pessoas naquele trecho da BR-317, em abril, virou estatística para alguns. Para outros, uma ferida aberta. "A gente vê notícia de acidente todo dia, mas quando é com a sua família...", desabafa Maria*, prima de uma das vítimas, em voz trêmula.
O que sabemos até agora?
Segundo o boletim de ocorrência, um caminhão desgovernado invadiu a pista contrária. Colisão frontal. Três mortos na hora. Dois veículos reduzidos a sucata. Cena que, quem viu, diz não conseguir esquecer.
Mas e daí? Cadê as conclusões? O laudo pericial? "Meu irmão não era um número", crava João*, irmão mais novo de outra vítima. "Queremos saber por que o motorista perdeu o controle. Se era sono, defeito mecânico, excesso de carga..."
O labirinto burocrático
Ah, a burocracia! Ela tem dessas — engole prazos, embola processos, faz famílias em luto correr atrás de papelada. A Polícia Civil alega "complexidade das investigações". O Ministério Público promete "celeridade". Enquanto isso, os meses escorrem entre os dedos.
- Laudo do IML: pronto em 15 dias
- Perícia veicular: 40 dias e contando
- Depoimentos colhidos: apenas 2 de 7 testemunhas
Não é como nos filmes policiais, onde tudo se resolve em 48 horas. A vida real é mais... decepcionante.
O peso do silêncio
O que mais dói, contam as famílias, não é só a espera. É o vácuo. "Ninguém nos explica nada", protesta Ana*, mãe do terceiro falecido. "Ligamos, vamos pessoalmente, mandamos e-mail. Só recebemos 'em andamento' como resposta."
Especialistas em direito comentam — off the record — que casos assim no Norte costumam levar de 6 meses a 1 ano para conclusão. "Tragédia vira arquivo, arquivo vira poeira", filosofa um advogado local, calejado por décadas de casos esquecidos.
Enquanto isso, no Acre, três lápides recém-colocadas esperam por respostas que, talvez, nunca cheguem. E as famílias? Estas seguem de luto — e de plantão — na porta das instituições.