Corpos de estudantes da UFPA vítimas de acidente em Goiás são repatriados para o Pará
Corpos de estudantes da UFPA vítimas de acidente chegam ao Pará

O silêncio pesado no aeroporto de Belém contava mais que mil palavras. Familiares, amigos e colegas aguardavam, com os olhos marejados, a chegada dos corpos dos três jovens estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA) — vítimas fatais de um trágico acidente na BR-153, em Goiás, no último domingo (16).

"Era um grupo de sete alunos voltando de um congresso acadêmico em Brasília", explica o reitor em exercício, Marcos Albuquerque, com a voz embargada. "Quatro sobreviveram com ferimentos. Três partiram cedo demais."

O que se sabe sobre o acidente

Por volta das 14h30, um caminhão desgovernado — carregado até a boca com grãos — invadiu a pista contrária e colidiu de frente com o veículo dos estudantes. Testemunhas dizem que o impacto foi tão violento que ecoou por quilômetros.

  • Vítimas: João Pedro Silva (22 anos, Engenharia), Ana Clara Mendes (21, Medicina) e Rafael Costa (23, Direito)
  • Sobreviventes: Dois em estado grave; dois com lesões leves
  • Local: Trecho conhecido como "Curva do Diabo", entre Itapirapuã e Goiás Velho

O motorista do caminhão, um senhor de 58 anos, sobreviveu — mas não se lembra de nada. "Trabalhava há 36 horas direto", revelou um colega sob condição de anonimato.

O longo caminho de volta

A operação para repatriar os corpos foi complexa. Do IML de Goiânia até Belém, foram mais de 2.000 km percorridos — parte por terra, parte pelo voo fretado pela universidade.

"Nunca imaginei que receberia meu filho assim", disse Dona Maria, mãe de João Pedro, segurando com força a camiseta da formatura que ele nunca usaria. A cerimônia de despedida acontecerá amanhã, no campus da UFPA.

Enquanto isso, nas redes sociais, a hashtag #UFPAemLuto viralizou. Colegas organizam vaquinhas para ajudar nas despesas médicas dos sobreviventes — e no traslado das famílias carentes.

O governador do Pará já decretou luto oficial de três dias. Já em Goiás, a Polícia Rodoviária Federal promete "investigar até as últimas consequências" as condições de trabalho dos caminhoneiros na região.