
Numa jogada que pegou muitos de surpresa – e convenhamos, em Brasília, surpresa é artigo raro –, o deputado Hugo Motta (União-PB) decidiu dar uma guinada de 180 graus no seu script. Logo ele, que até outro dia estava no olho do furacão de duas das discussões mais espinhosas do Planalto: a PEC da Blindagem e o pedido de urgência para o projeto de anistia a devedores de precatórios.
Pois é. Em vez de continuar nadando nessas águas turvas e polarizadas, o paraibano resolveu mudar completamente o disco. A aposta agora, segundo fontes bem próximas ao seu gabinete, é em uma agenda positiva, propositiva, daquelas que tentam construir em vez de apenas barrar. Quem diria, hein?
Deixando a Guerra para Trás
O clima na Câmara anda mais carregado que ar pré-tempestade no sertão. E Motta, parece, cansou de ser parte do problema. A decisão de sair de cena nesses dois fronts quentes não foi por acaso. Foi calculada. Um movimento tático para, quem sabe, tentar resgatar uma imagem de conciliador – ou pelo menos de alguém que não quer briga por briga.
“É hora de focar no que une, no que traz desenvolvimento real para o país”, teria dito o deputado a aliados, num tom bem diferente daquele que usava para defender as bandeiras mais controversas. Será que cola?
O Que Esperar Dessa Nova Fase?
Bom, ainda é cedo para cravar, mas o rumor é que a nova agenda do deputado vai abraçar temas com um apelo mais transversal. A equipe dele fala em:
- Modernização do legislativo: coisa chata, mas importantíssima, como agilizar a tramitação de projetos.
- Desburocratização para pequenos negócios: tentar desatar os nós que enforcam o empreendedor.
- Políticas de incentivo à inovação: sair do discurso e partir para a ação.
Nada disso, é claro, tem o sabor dramático de uma PEC ou de uma anistia bilionária. Mas talvez seja exatamente esse o ponto. Afinal, depois de tanta lenha na fogueira, um pouco de calmaria – e trabalho silencioso – pode ser a jogada mais inteligente.
Resta saber se os colegas de parlamento e a opinião pública vão comprar essa reinvenção. Uma coisa é certa: em política, como no futebol, mudar de estratégia no meio do jogo pode ser o lance da vitória... ou a falha que leva ao gol contra. Aguardemos os próximos capítulos.