
Eis uma daquelas reviravoltas silenciosas que dizem mais sobre nosso tempo do que qualquer manchete bombástica. O ChatGPT, até então território majoritariamente masculino, acaba de ganhar uma nova dona: a mulher brasileira.
Sim, você leu direito. Pela primeira vez desde que essa ferramenta surgiu, elas estão usando mais o chatbot do que eles. E não é por pouco não – a diferença é de dar orgulho: 51% contra 49%. Parece pouco? Num universo de milhões de usuários, é uma mudança e tanto.
Os dados são da consultoria Similarweb, que fuçou os hábitos digitais dos brasileiros entre setembro de 2023 e agosto de 2024. E olha, o resultado surpreende até quem está acostumado com as esquisitices do mundo digital.
O Brasil Contra a Maré Global
Enquanto no resto do planeta os homens ainda dominam o uso de IA generativa – com uma diferença de 6 pontos percentuais – aqui a gente resolveu fazer diferente. Tipicamente brasileiro, não? Sempre temos que dar nossa maneirada nas tendências globais.
Mas calma, não é só capricho nacional. Tem explicação sim. E uma das mais interessantes vem justamente de quem entende do riscado: mulheres que trabalham com tecnologia.
Produtividade e Multitarefa: A Chave do Sucesso
Conversamos com algumas profissionais do setor, e a história se repete. "Uso para tudo", conta uma desenvolvedora de 32 anos. "Desde ajudar a escrever um email mais diplomático até me explicar conceitos técnicos complexos como se eu tivesse cinco anos".
E é aí que mora o pulo do gato. Enquanto muitos homens ainda veem a IA como brinquedo tecnológico, as mulheres estão tratando como ferramenta de trabalho prático. Algo para resolver problemas reais do dia a dia.
Não me surpreende, francamente. Quem sempre teve que dar conta de mil coisas ao mesmo tempo naturalmente buscaria ajuda para otimizar tarefas. A IA veio como uma luva para isso.
Gerações em Cena: Quem Está na Frente?
Aqui tem outro dado curioso. As mulheres entre 25 e 34 anos são as que mais abraçaram a tecnologia. Mas olha só que interessante: as mais jovens, de 18 a 24 anos, ainda estão um passo atrás dos homens da mesma idade.
Será que as mais velhas, já no mercado de trabalho, perceberam mais rapidamente o potencial prático da ferramenta? Faz sentido, não?
Já entre os mais velhos, acima de 55 anos, a diferença é mínima. Talvez porque nessa fase a curiosidade tecnológica não tenha tanto gênero assim.
E os Homens? Como Ficam?
Calma, ninguém está sendo deixado para trás. O uso geral do ChatGPT continua crescendo para todo mundo. A diferença é que elas aceleraram mais. Muito mais.
É como se tivessem descoberto um atalho que os homens ainda estavam procurando na estrada principal.
E tem mais: quando olhamos para ferramentas específicas como o Bing AI (da Microsoft) e o Gemini (do Google), o domínio feminino é ainda maior. Chega a 57% contra 43% no Bing! Algo está acontecendo, e não é pouco.
O Que Isso Tudo Significa?
Para além dos números, essa virada mostra uma mudança cultural importante. A tecnologia de IA, que parecia ser mais um playground masculino, está sendo ressignificada pelas mulheres como ferramenta de empoderamento prático.
É a velha história: elas pegam a tecnologia e transformam em algo útil, produtivo, funcional. Enquanto isso, nós homens ainda estamos maravilhados com a possibilidade de fazer o chatbot falar como um pirata medieval.
No final, quem sai ganhando é a tecnologia itself. Porque são os usos reais, práticos, do dia a dia, que vão garantir que essas ferramentas não sejam apenas moda passageira.
E o Brasil? Bem, mais uma vez mostrando que quando o assunto é apropriação tecnológica, temos nosso próprio ritmo. E que ritmo!