
Era 1966 quando a Nissan pisou pela primeira vez em solo mexicano. Agora, quase 60 anos depois, a montadora japonesa dá adeus à sua fábrica em Cuernavaca — e o barulho das esteiras rolantes vai ser substituído por um silêncio que ecoa na economia local.
Não foi uma decisão do dia para a noite, claro. A empresa vinha ensaiando esse movimento há tempos, com a produção caindo ano após ano. Em 2023, a planta mal conseguia operar a 20% da capacidade. "Quando a conta não fecha, não tem jeito", comentou um ex-funcionário que pediu para não ser identificado.
O que levou ao fechamento?
Três fatores principais:
- Mudanças no mercado global — a Nissan tá focando em veículos elétricos, e a fábrica no México não tava preparada pra essa virada
- Custos operacionais — manter a planta aberta tava saindo mais caro que importar veículos prontos
- Estratégia de produção — a empresa tá concentrando operações em menos unidades, mas mais modernas
Pra você ter ideia, só no último trimestre a montadora japonesa teve um lucro 32% menor que no mesmo período do ano passado. Quando o aperto vem, as empresas cortam onde dói menos — e infelizmente, dessa vez foi Cuernavaca.
Impacto local: mais que números
Foram 56 anos de história que se despedem junto com os 600 empregos diretos. Mas o estrago não para aí — calcula-se que pelo menos 3 mil empregos indiretos vão sentir o baque. O sindicato local já anunciou que vai negociar melhores condições de demissão, mas a realidade é dura: numa cidade onde a Nissan era uma das maiores empregadoras, o futuro tá incerto.
Curiosidade: Essa fábrica era a última da Nissan no México a produzir o clássico Tsuru, aquele carro que virou lenda nas ruas mexicanas. Agora, quem quiser um vai ter que caçar nos usados.
E o que isso significa pra gente aqui no Brasil? Bom, especialistas acham que pode ser um sinal de coisas por vir — outras montadoras também estão repensando suas fábricas na América Latina. Fica a dúvida: será que o modelo de produzir carros em vários países pequenos ainda faz sentido num mundo de cadeias globais?
Uma coisa é certa: a paisagem industrial da região nunca mais vai ser a mesma. E enquanto os últimos carros saem da linha de produção, os trabalhadores se preparam pra virar página — com esperança, mas também com um nó na garganta.