Imagine morar a quilômetros de distância do posto de saúde mais próximo e precisar de uma consulta com o cardiologista? Pois é, essa realidade está mudando para milhares de piauienses. O projeto de saúde itinerante, uma daquelas ideias que a gente pensa "por que não fizeram antes?", está literalmente botando o pé na estrada.
Não é exagero dizer que essas unidades móveis são como hospitais de campanha, só que muito mais completas. Elas chegam carregadas de tecnologia – e de esperança – para municípios onde o acesso a especialistas era praticamente uma aventura.
O que tem dentro dessas "clínicas sobre rodas"?
Parece até aqueles caminhões de sorvete, mas em vez de picolé, trazem algo muito mais valioso: saúde de verdade. A estrutura inclui:
- Consultórios médicos totalmente equipados (e com ar-condicionado, graças a Deus!)
- Aparelhos para eletrocardiograma – aquele exame do coração que todo mundo tem medo de fazer
- Equipamentos para avaliar a pressão arterial e outros sinais vitais
- Espaço para coleta de exames laboratoriais
E o melhor: tudo gratuito, como deve ser. A fila pode ser longa, mas pelo menos não precisa pegar três ônibus para chegar até ela.
Os números que impressionam
Só nos últimos meses, o projeto já atendeu mais de 50 comunidades diferentes. São pessoas que, muitas vezes, nunca tinham visto um médico especialista na vida. Dá para acreditar?
Os exames mais procurados? Os cardiológicos lideram disparado – e isso diz muito sobre as necessidades da população. Depois vêm os check-ups gerais e os acompanhamentos de doenças crônicas.
Um detalhe importante: quando os exames apontam algo mais grave, os pacientes são encaminhados para hospitais de referência. Não é só chegar, fazer exame e pronto. Existe todo um sistema de continuidade do cuidado.
Além da consulta: a humanização do atendimento
O que mais me chamou atenção não foram só os equipamentos modernos. É a maneira como o atendimento acontece. Os profissionais de saúde – esses heróis de jaleco – se desdobram para entender a realidade de cada comunidade.
Eles aprendem rapidamente que em cada lugar existe uma dinâmica diferente. Num município, o horário de maior procura é de manhã cedo. Em outro, a tarde rende mais. Adaptar-se a isso faz toda a diferença.
Ah, e tem outra coisa: muitas dessas unidades vão para feiras livres, praças públicas, eventos comunitários. Saúde onde o povo está, não onde burocraticamente decidimos colocar.
Não é perfeito, claro. Às vezes falta algum material, o tempo fecha e a estrada fica intransitável, ou a demanda é maior que a capacidade. Mas é um começo – e dos bons.
Quem diria que a solução para tantos problemas de saúde no interior estaria justamente em colocar a medicina para circular? As estradas poeirentas do Piauí nunca foram tão bem frequentadas.
