Tragédia em Santos: Homem com Esquizofrenia é Morto em Confronto com PM dentro de Próprio Apartamento
Homem com esquizofrenia morto pela PM em Santos

Era pra ser uma terça-feira comum no apartamento da Rua Doutor Antônio Eufrásio de Toledo, na Zona Noroeste de Santos. Mas o que aconteceu por volta das 15h30 desta quarta-feira, 18, vai ecoar por muito tempo na memória daquela comunidade. Um homem de 38 anos, mergulhado na mais profunda crise de sua esquizofrenia, foi morto a tiros pela Polícia Militar dentro da própria casa.

Segundo relatos colhidos com vizinhos – ainda assustados com a sequência de eventos –, a tragédia começou com gritos perturbadores vindos do apartamento. Algo estava claramente errado. Preocupada, a família, que mora no mesmo condomínio, tentou acalmar o homem. Mas a crise, dessa vez, estava fora de controle. Desesperados, fizeram a ligação que ninguém quer fazer: acionaram a PM.

A versão oficial, repassada pela Secretaria de Segurança Pública, é de que os militares foram recebidos com extrema hostilidade. Ao adentrarem o imóvel, depararam-se com o homem portando uma faca. Ele teria investido contra os agentes, que, em alegação de legítima defesa, efetuaram os disparos. A perícia do Instituto Criminalístico (IC) esteve no local para fazer a reconstituição dos fatos. Um cenário desolador.

Mas, cá entre nós, será que era mesmo a única saída? A pergunta fica no ar, pesada. Dois tiros no peito. A morte foi instantânea. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), e o caso agora é registrado como homicídio doloso no 3º Distrito Policial (DP) de Santos – um mero protocolo que pouco reflete a complexidade do que realmente se passou ali.

O Outro Lado da Moeda: A Crise Ignorada

Aqui é onde a coisa fica ainda mais complicada. A família, em estado de choque, contou aos investigadores que ele era um paciente psiquiátrico conhecido. A esquizofrenia era sua companheira indesejada há anos. Ele estava em surto. Não era um bandido, era um homem doente. Será que o protocolo para situações envolvendo crises de saúde mental foi seguido à risca? Ou a resposta padronizada – e letal – foi aplicada onde se precisava de calma e expertise médica?

Não é a primeira vez que esse debate vem à tona, e infelizmente não será a última. A gente vive repetindo os mesmos erros, esperando um resultado diferente. A PM afirma que agiu conforme o procedimento para garantir a própria integridade. Justo. Ninguém quer ver um policial ferido. Mas e a integridade daquele que, naquele momento, não tinha controle algum sobre suas próprias ações?

O caso agora está nas mãos da Justiça. A Corregedoria da Polícia já abriu procedimento para apurar a conduta dos envolvidos. Enquanto isso, uma família chora a perda de um ente querido. E um prédio inteiro se pergunta se tudo isso não poderia ter sido diferente.