
O Instituto de Medicina Integral de Pernambuco, aquele gigante da saúde que sempre foi referência no Nordeste, está enfrentando uma tempestade perfeita — e não, não é exagero. A situação chegou num ponto tão crítico que os obstetras simplesmente disseram "chega".
Imagina só: plantões intermináveis, salários que não acompanham a inflação nem de longe, e uma estrutura que vai ficando cada vez mais defasada. Não é à toa que a paciência desses profissionais simplesmente esgotou.
O grito de alerta que virou tsunami
Não foi uma ou duas demissões isoladas. Foi uma enxurrada de cartas de demissão saindo do departamento de obstetrícia — algo que, convenhamos, não acontece todo dia num hospital dessa magnitude. Os relatos são unânimes: cansaço extremo, sensação de abandono e aquela frustração constante de não poder oferecer o cuidado que os pacientes merecem.
Um dos médicos, que preferiu não se identificar — até porque o clima tá tenso por lá —, resumiu a situação com uma frase que dói: "A gente virou número, não profissional".
Salários: o calcanhar de aquiles
O assunto financeiro é particularmente delicado. Sabe quanto tempo faz que não tem reajuste decente? Tem médico ganhando praticamente o mesmo que há cinco anos, enquanto o custo de vida disparou. Como é que sustenta família assim?
E não é só isso. Os plantões extras, que sempre foram um complemento importante, estão cada vez mais escassos. Resultado: conta no vermelho e moral lá embaixo.
Estrutura: quando o equipamento falta
Ah, e a tal da infraestrutura? Pois é. Equipamentos antigos, falta de material básico, leitos insuficientes... É como tentar fazer um bolo sem farinha. Dá pra improvisar? Até dá, mas o resultado nunca fica como deveria.
Um exemplo bobo, mas significativo: às vezes falta até luva cirúrgica. Sério mesmo. Como é que um obstetra trabalha sem luva?
O impacto nos pacientes
Aqui é onde a coisa fica realmente grave. Com menos médicos, as filas vão aumentar — e muito. Partos que precisam de atenção especial podem ficar desassistidos. E os recém-nascidos? Esses são os que mais preocupam.
O IMIP atende majoritariamente pelo SUS. Traduzindo: a população mais vulnerável é que vai sentir na pele esse baque. Gente que não tem plano de saúde, que depende exclusivamente do sistema público.
É de cortar o coração.
E agora, José?
A pergunta que fica: o que vai ser do IMIP? A direção do hospital emitiu uma nota genérica dizendo que "está ciente da situação e trabalhando para resolver". Mas convenhamos — depois de uma debandada dessas, só palavras não bastam.
Os rumores internos falam em uma reunião de emergência marcada para esta sexta-feira. Vai ter gente do governo estadual, sindicatos médicos e a diretoria do hospital. Será que vão chegar a um acordo? Ou é só mais uma reunião para inglês ver?
Enquanto isso, as gestantes que têm pré-natal marcado no IMIP ficam naquele suspense angustiante. Será que vão ser atendidas? Por quem? Em que condições?
Perguntas que, no momento, ninguém consegue responder direito.