Planos de saúde no RN: Vereadores questionam falhas no atendimento a crianças com autismo
Planos de saúde no RN são cobrados por falhas no atendimento a autistas

Natal virou palco de um debate acalorado esta semana. E não foi sobre praias ou turismo — a discussão, desta vez, gira em torno de algo muito mais delicado: o acesso ao tratamento adequado para crianças com autismo através dos planos de saúde.

Os vereadores da capital potiguar decidiram botar o dedo na ferida. Afinal, não é de hoje que famílias enfrentam uma verdadeira via-crúcis para garantir os direitos básicos de seus filhos. "É como se estivéssemos em 1980", disparou um dos parlamentares durante a sessão, referindo-se à burocracia e dificuldades impostas pelas operadoras.

O que está em jogo?

Basicamente, três pontos cruciais:

  • Demora absurda na liberação de terapias
  • Negativas recorrentes sem justificativa plausível
  • Falta de profissionais especializados na rede credenciada

E olha que estamos falando de tratamentos previstos por lei! A situação chegou a tal ponto que o CEI (Comissão de Ética e Igualdade) da Câmara Municipal resolveu agir. Chamaram os representantes das principais operadoras para, como dizem por aqui, "botar a boca no trombone".

O outro lado da moeda

Claro que as empresas se defendem. Alegam cumprir rigorosamente a legislação e apontam para a "complexidade" dos casos. Mas será mesmo? Uma mãe presente na audiência pública contou que esperou oito meses — sim, oito! — para conseguir uma simples avaliação. "É desumano", desabafou, enquanto segurava firme a mão do filho.

O que mais choca é a disparidade. Enquanto algumas famílias conseguem (com muita luta) o atendimento necessário, outras ficam à míngua, perdidas em recursos e contra-recursos. Parece jogo de azar, mas estamos falando de saúde — e de crianças.

E agora?

Os vereadores prometem pressionar por mudanças. Entre as medidas em discussão:

  1. Criação de um canal direto para denúncias
  2. Fiscalização mais rigorosa
  3. Possíveis penalidades para as operadoras que descumprirem prazos

Mas será que isso resolve? Especialistas ouvidos pelo G1 lembram que o problema é nacional — e estrutural. "Falta vontade política", resumiu um neuropediatra, antes de correr para mais uma consulta atrasada.

Enquanto isso, as famílias seguem na batalha diária. Algumas, é verdade, já desistiram dos planos e migraram para o SUS. Outras resistem, teimosas, sabendo que a luta pelos direitos de seus filhos não pode parar. Afinal, como diz aquela velha máxima: quando se trata de autismo, tempo é cérebro — e cada dia perdido na burocracia é um dia a menos de desenvolvimento.