Imagine uma doença que ataca três vezes mais forte nos pequeninos do que nos quase adultos. Pois é, a dengue — aquela velha conhecida dos verões brasileiros — mostra sua face mais cruel justamente onde dói mais: nos bebês.
A médica pediatra Dra. Ana Lúcia Mendes, que já viu de tudo nos plantões de Ribeirão Preto, soltou o verbo em entrevista ao G1: "A gente fala muito dos idosos, mas esquece que os menores de 2 anos são os que mais sofrem. O sistema imunológico deles ainda está aprendendo a lutar, e o vírus aproveita essa brecha como um invasor esperto."
Por que os bebês estão na mira?
Três fatores transformam a dengue num pesadelo ampliado para as crianças:
- Vasos sanguíneos mais frágeis — vazam com facilidade, facilitando hemorragias
- Reservas limitadas — um corpo pequeno desidrata na velocidade da luz
- Sinais silenciosos — eles não sabem dizer "mamãe, estou mal"
E aqui vai um dado que faz gelar: enquanto adolescentes apresentam complicações graves em 2% dos casos, nos bebês esse número salta para 6%. Três vezes mais perigo escondido num corpinho que mal sabe andar.
Sinais que pedem corrida ao hospital
Nada de esperar a febre baixar sozinha. A Dra. Ana é categórica: "Se o bebê está molinho demais, recusando leite e com manchinhas vermelhas na pele, é tique-taque contra o relógio." Outros alertas vermelhos:
- Vômitos persistentes (não aqueles de "engoliu ar")
- Choro sem lágrimas — sinal clássico de desidratação avançada
- Moleza excessiva, como se estivesse "desmontado"
Ah, e esqueça aquela história de "é só uma virose". Quando o assunto é dengue em bebês, melhor pecar pelo excesso — afinal, como diz a médica, "entre um susto e um velório, eu escolho o susto mil vezes".
Na região de Ribeirão Preto, onde os mosquitos parecem ter criado resistência até a olhares bravos, os casos em menores de 1 ano já representam 18% do total. E olha que a temporada de chuvas nem começou direito...
