Ginecologista ucraniano desafia a guerra para salvar vidas de mulheres na linha de frente
Ginecologista arrisca vida na guerra para salvar mulheres

Imagine atravessar ruas esburacadas por bombas, com o som de tiros ao longe, carregando uma mala cheia de medicamentos e esperança. É assim que o Dr. Oleksandr Petrenko, um ginecologista de 54 anos, passa seus dias desde que a guerra explodiu na Ucrânia.

Não é heroísmo, ele diz com um sorriso cansado. "É só o que sei fazer". Enquanto a maioria fugia, ele foi na direção oposta — rumo ao inferno.

Nas trincheiras da medicina

Três vezes por semana, o médico percorre um circuito perigoso entre cidades sitiadas. Seu "consultório" varia: às vezes é um porão úmido, outras um abrigo superlotado. Já atendeu partos à luz de velas e realizou cirurgias com o barulho de drones zumbindo lá fora.

  • Mais de 120 partos assistidos em condições extremas
  • Atendimento a vítimas de violência sexual — um drama silencioso da guerra
  • Distribuição de contraceptivos e kits de higiene para milhares de mulheres

"As necessidades básicas não esperam o fim dos combates", explica ele, enquanto reorganiza suas poucas seringas esterilizadas. A falta de antibióticos é seu maior pesadelo.

Riscos calculados?

Em fevereiro passado, um míssil atingiu o prédio ao lado enquanto ele fazia um exame de ultrassom. "A paciente pulou da mesa antes que eu pudesse dizer algo", ri, num humor negro típico de quem vive no limite.

Mas nem tudo são riscos físicos. O desgaste emocional é brutal. "Você não imagina o que é ver adolescentes grávidas por estupro, ou idosas que perderam tudo", diz, os olhos úmidos. "Às vezes, meu trabalho é mais psicológico que médico."

Rede de solidariedade

O que começou como um ato solitário virou um movimento. Voluntários locais agora ajudam a identificar casos urgentes. Uma farmacêutica aposentada prepara remédios caseiros. Até soldados protegem suas rotas quando podem.

"Numa guerra, todo mundo vira especialista em sobrevivência", reflete o médico, enquanto embala doações vindas da Polônia. "Mas mulheres têm necessidades específicas que muitos esquecem."

Seu próximo desafio? Montar uma clínica móvel — se conseguir os fundos e, claro, se a guerra permitir. Porque na Ucrânia hoje, até a esperança precisa de escolta armada.