Libras na Medicina: Futuros Doutores Quebram Barreiras da Comunicação com Pacientes Surdos
Médicos aprendem Libras para atender pacientes surdos no RN

Imagine chegar num consultório médico, com aquela dor que não passa, e não conseguir explicar direito o que sente. Agora multiplique essa frustração por dez se você for surdo e o profissional não souber Libras. Pois é, uma realidade ainda muito comum — mas que está prestes a mudar no Rio Grande do Norte.

Num daqueles projetos que a gente pensa "por que não fizeram antes?", a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFCN) abraçou a causa e botou pra rodar um curso de Libras direcionado especificamente para estudantes de medicina. A ideia? Simplesmente revolucionar o jeito como futuros doutores vão se comunicar com pacientes surdos.

Não é só sinalizar, é acolher

O negócio vai muito além de aprender um vocabulário técnico. A professora Thaís Rocha, uma das envolvidas, diz que a iniciativa busca, acima de tudo, humanizar o atendimento. "A gente percebeu que muitos surdos evitam ir ao médico porque já passaram por situações constrangedoras. Isso é inaceitável", comenta ela, com a convicção de quem viu a necessidade de perto.

E os números assustam: segundo um levantamento recente, mais de 80% dos surdos no Brasil relatam dificuldades sérias no acesso à saúde. Muitos dependem de acompanhantes — que nem sempre estão disponíveis — ou improvisam com gestos e anotações. Às vezes saem do consultório sem nem entender o diagnóstico direito.

Mão na massa — ou melhor, nas mãos

O curso, que já está rolando, tem carga horária de 60 horas e mescla teoria e prática. Os alunos aprendem desde cumprimentos básicos até termos médicos específicos — porque "dor de cabeça" e "enxaqueca crônica" são coisas bem diferentes, né?

E olha, a adesão surpreendeu. Turma lotada, gente de todos os semestres. Até quem nunca tinha pensado no assunto se empolgou. "A gente não aprende só Libras; aprende sobre uma cultura, sobre respeito", reflete um estudante do terceiro ano, que preferiu não se identificar.

Psicologicamente falando, a coisa faz todo sentido. Quando um paciente se sente entendido, a adesão ao tratamento melhora, a confiança no médico aumenta e — pasmem — até os outcomes clínicos ficam melhores. Não é fantasia, é fato.

O futuro é inclusivo (ou não é)

Projetos assim mostram que acessibilidade não é favor, é direito. E que bom ver uma universidade pública na dianteira dessa mudança. Quem sabe daqui a alguns anos a gente não olha pra trás e estranha que um curso desses era sequer novidade?

Enquanto isso, os futuros médicos seguem praticando os sinais entre uma aula e outra. E os surdos potiguares? Estão um passo mais perto de receber um atendimento de saúde que, de fato, merece o nome de "care".