
Era uma profissão quase invisível há algumas décadas. Hoje, virou necessidade urgente em milhões de lares brasileiros. Os cuidadores de idosos — esses anjos da guarda do dia a dia — estão em alta, mas a realidade da categoria é bem menos glamourosa do que parece.
O boom que ninguém viu chegar
Dados do IBGE mostram que o Brasil envelhece num ritmo acelerado. Em 2060, um quarto da população terá mais de 65 anos. Resultado? A procura por cuidadores profissionais disparou 327% nos últimos cinco anos, segundo plataformas de emprego. Mas aqui vem o pulo do gato: a maioria trabalha na informalidade, sem carteira assinada ou direitos básicos.
Entre o amor e a exploração
"É como ser mãe 24 horas por dia, mas sem os benefícios", desabafa Maria, cuidadora há 12 anos. A carga emocional é pesada — você vira confidente, enfermeira, companhia. E o salário? Na média, R$ 1.500 por mês. Tem gente que ganha menos que um motoboy.
Os principais problemas da categoria:
- Jornadas exaustivas (muitas vivem na casa do paciente)
- Falta de qualificação reconhecida
- Riscos físicos e psicológicos subestimados
- Ausência de regulamentação clara
O lado oculto da moeda
Enquanto isso, cursos rápidos pipocam por aí — alguns duram apenas um fim de semana. Especialistas alertam: cuidar de idosos com Alzheimer ou Parkinson exige muito mais que boa vontade. "É como pilotar um avião sem treino", compara o geriatra Dr. Carlos Silva.
E as famílias? Muitas sequer sabem que podem deduzir esses gastos no Imposto de Renda. A burocracia assusta, e o assunto vira tabu — ninguém quer pensar que um dia precisará desses serviços.
Futuro incerto, soluções urgentes
Algumas iniciativas tentam mudar o jogo:
- Projetos de lei para regulamentar a profissão
- Cooperativas que oferecem cursos sérios
- Apps que conectam cuidadores a famílias com transparência
Mas a estrada é longa. Enquanto o país não encarar de frente o envelhecimento populacional, esses trabalhadores seguirão na sombra — essenciais, porém esquecidos.