Do circo à chefia de família: a história emocionante da artista que virou líder após tragédia aérea
Artista de circo vira chefe de família após tragédia aérea

Imagine acordar um dia e descobrir que sua vida virou de cabeça para baixo. Foi assim para Marina Silva, uma ex-artista de circo que, aos 25 anos, viu seu mundo desmoronar quando seus pais morreram em um acidente aéreo. De repente, a jovem que voava nos trapézios teve que aprender a manter os pés no chão — e a família unida.

"Sempre espero que eles voltem", confessa Marina, com uma voz que mistura saudade e determinação. "Mesmo sabendo que não vão."

Do picadeiro para a vida real

Antes da tragédia, Marina era conhecida como "Estrela", a trapezista que encantava plateias com suas acrobacias. O circo era sua vida — até que a vida decidiu dar um golpe de mestre. "Um dia eu estava pendurada no ar, no outro, segurando meus irmãos pela mão no velório", lembra.

Os irmãos mais novos, então com 12 e 15 anos, se tornaram sua prioridade absoluta. "Foi como se eu tivesse caído do trapézio sem rede — só que na vida real não tem ensaio."

Aprendizados à força

Contas para pagar? Marina nunca tinha visto uma planilha. Mercado? Mal sabia onde ficava o açúcar. "A primeira vez que fui pagar boletos, quase desmaiei", ri, hoje. "Mas quando a gente não tem escolha, aprende rápido."

E aprendeu mesmo. Deixou as lantejoulas para trás e mergulhou em empregos que nunca imaginara — de atendente de lanchonete a assistente administrativa. "Tinha dias que chorava no banho, mas na frente dos meus irmãos eu era uma rocha."

O circo que nunca acabou

Mesmo longe das lonas, Marina descobriu que a vida tem seus próprios malabarismos. "A diferença é que agora eu não sabia qual seria o próximo número." Aos poucos, foi encontrando equilíbrio — entre trabalho, cuidados com os irmãos e sua própria dor.

Hoje, dez anos depois, os irmãos estão na faculdade — "meus maiores orgulhos" — e ela encontrou um novo amor pelo ensino de artes circenses para crianças. "O circo me salvou duas vezes: primeiro me dando asas, depois me ensinando a cair e levantar."

E aquela esperança secreta de que os pais voltem? "Ah, eles voltam sim", sorri, apontando para o coração. "Toda vez que meus irmãos me chamam de 'tia-mãe', ou quando ensino uma criança a dar seu primeiro salto."