
Imagine acordar um dia e descobrir que sua voz — aquela que encantava plateias inteiras com louvores — foi silenciada para sempre. Foi exatamente isso que aconteceu com Amanda Wanessa, uma talentosa cantora gospel que, há quatro longos anos, vive presa em um corpo que não responde mais aos seus comandos.
O caso, que já é doloroso por si só, ganhou contornos ainda mais dramáticos nos tribunais de Pernambuco. De um lado, o marido, que insiste em tomar todas as decisões sobre o tratamento da esposa. Do outro, o sogro, que não concorda com as escolhas do genro e luta na Justiça por mais participação no cuidado da filha.
Uma vida interrompida
Tudo começou em 2021, quando Amanda sofreu uma grave parada cardiorrespiratória durante um procedimento médico de rotina. Os minutos sem oxigênio foram suficientes para causar danos cerebrais irreversíveis. Desde então, ela vive em um limbo — nem viva, nem morta — dependendo totalmente de aparelhos para se manter.
"É como se ela tivesse desaparecido, mas deixado o corpo para trás", desabafa uma amiga próxima, que prefere não se identificar. "A Amanda que conhecemos, cheia de vida e fé, simplesmente se foi."
A guerra judicial
Enquanto a família deveria se unir nesse momento de dor, o que vemos é uma briga feia na Justiça. O marido alega que, como cônjuge, tem o direito legal de decidir sobre o tratamento. O pai da cantora, no entanto, não engole essa história.
"Ele nunca aceitou nosso casamento", dispara o marido em documentos judiciais. "Agora quer se intrometer até na maneira como cuido da minha esposa."
Do outro lado, o sogro contra-argumenta: "Minha filha merece os melhores cuidados, e não vou descansar até ter certeza de que ela está recebendo o que precisa".
O que diz a lei?
Especialistas em Direito de Família explicam que casos assim são verdadeiros campos minados. "Quando não há diretivas antecipadas, a lei geralmente privilegia o cônjuge", explica a dra. Luísa Fernanda, advogada especializada. "Mas os pais podem contestar se provarem que há negligência ou má-fé."
Enquanto a briga judicial segue — com audiências marcadas, recursos e mais recursos — Amanda continua ali, presa em seu próprio corpo, sem poder opinar sobre o próprio destino. Uma triste ironia para quem passou a vida cantando sobre liberdade e fé.