CNBB entra com ação no STF para anular votos de ministros sobre descriminalização do aborto
CNBB pede anulação de votos sobre aborto no STF

Em uma movimentação que promete acirrar ainda mais o debate sobre direitos reprodutivos no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a anulação dos votos dos ministros Luís Roberto Barroso e Edson Fachin no processo que discute a descriminalização do aborto.

O que está em jogo no Supremo?

A ação da CNBB se refere ao Inquérito 4.439, que trata da possibilidade de descriminalizar a interrupção voluntária da gravidez até a 12ª semana de gestação. Os dois ministros já se manifestaram favoravelmente à tese durante julgamentos anteriores.

Segundo a entidade religiosa, os votos dos magistrados representariam um "vício de iniciativa" e ultrapassariam os limites constitucionais do Poder Judiciário. A CNBB argumenta que qualquer mudança na legislação sobre aborto deveria partir do Congresso Nacional, não do STF.

Os argumentos da CNBB

Em seu pedido, a conferência episcopal sustenta que:

  • O tema do aborto é de competência exclusiva do Legislativo
  • Os ministros estariam invadindo esfera de atribuição do Congresso
  • A questão envolve valores sociais e morais que exigem debate amplo
  • Há risco de judicialização excessiva de temas legislativos

Repercussão no cenário político

Este não é o primeiro embate entre a CNBB e o STF sobre o tema. A entidade já havia apresentado um pedido semelhante em 2020, que foi negado pela Corte. Agora, a nova ação chega em um momento de tensão entre os Poderes e de acirramento do debate sobre direitos reprodutivos no país.

O caso ganha contornos ainda mais relevantes considerando que o aborto é crime no Brasil, com exceções apenas para casos de estupro, risco de vida para a gestante ou anencefalia fetal.

Próximos passos

O STF ainda não se manifestou sobre o novo pedido da CNBB. Enquanto isso, o julgamento sobre a descriminalização do aborto permanece paralizado na Corte, aguardando a formação de maioria entre os onze ministros.

Especialistas em direito constitucional apontam que a decisão do Supremo sobre este caso poderá definir não apenas o futuro dos direitos reprodutivos no Brasil, mas também os limites entre os Poderes da República.