O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025, que a centralização das investigações sobre fraudes no Banco Master no Supremo Tribunal Federal (STF) não causou danos às apurações. A declaração foi feita após o ministro Dias Toffoli ter determinado a remessa de todo o caso para sua relatoria, colocando-o sob sigilo judicial.
O "achado" que mudou o foro da investigação
Durante coletiva, Rodrigues confirmou um ponto crucial: material apreendido em buscas relacionadas ao Banco Master indicou a possível envolvimento de uma autoridade com foro privilegiado no STF. "Houve um achado durante as buscas realizadas e que podem indicar prerrogativa de foro", disse o chefe da PF, sem revelar o nome da autoridade citada.
Para Rodrigues, a transferência do processo foi apenas uma questão formal e burocrática. "Não houve nenhum prejuízo na investigação", garantiu. Ele descreveu o período entre a descoberta do indício e a autorização do STF como um "lapso temporal curtíssimo". Com a decisão do ministro Toffoli, as investigações seguem normalmente, incluindo a análise do material apreendido.
Como o caso foi parar no Supremo
A centralização do caso nas mãos do ministro Dias Toffoli ocorreu há doze dias. O pedido partiu do advogado Augusto de Arruda Botelho, que defende Luiz Antonio Bull, ex-diretor de Compliance do Banco Master. A defesa argumentou que havia menção a um deputado federal nos autos, o que justificaria a competência do STF devido ao foro por prerrogativa de função.
Toffoli acatou o argumento e, além de assumir a relatoria, determinou o segredo de Justiça para o processo, restringindo o acesso público às informações.
O vínculo extrajudicial: a viagem a Lima
O caso ganhou um capítulo curioso fora dos tribunais. O ministro Toffoli e o advogado Augusto de Arruda Botelho, que moveu o pedido aceito pelo Supremo, viajaram juntos para assistir à final da Copa Libertadores de 2025 em Lima, no Peru. A viagem foi feita no jatinho particular do empresário Luiz Pastore.
Os três são torcedores do Palmeiras, time que foi derrotado pelo Flamengo por 1 a 0 na decisão. A informação sobre a viagem em comum foi revelada primeiramente pelo Blog do Lauro Jardim, do jornal O Globo. O episódio, embora não tenha relação formal com o processo, chamou a atenção pelo timing e pelo envolvimento das partes.
Os próximos passos da investigação
Com o aval do STF, a Polícia Federal agora prossegue com as investigações sobre as supostas fraudes sistêmicas no Banco Master. O foco inclui a análise minuciosa de todos os documentos e dados apreendidos nas operações anteriores.
O diretor-geral da PF reiterou que a corporação age com rigor e dentro da legalidade, seguindo as determinações do Poder Judiciário. O desfecho do caso agora depende tanto das descobertas da polícia quanto dos trâmites legais no Supremo Tribunal Federal, onde repousa a última palavra sobre autoridades com foro especial.