Novas imagens divulgadas pela imprensa oficial norte-coreana colocaram novamente em evidência o acesso da elite do regime a produtos tecnológicos de origem estrangeira, em aparente contradição com as rígidas sanções internacionais. O foco desta vez é Kim Yo-jong, irmã e uma das principais conselheiras do líder Kim Jong-un.
O dispositivo nas mãos da elite
Durante uma visita de inspeção a um hospital regional recém-inaugurado, Kim Yo-jong foi fotografada segurando um smartphone dobrável. A imagem, distribuída pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) no final de 2025, mostra a alta funcionária ao lado do irmão, com o aparelho claramente visível em suas mãos.
Especialistas que analisaram a fotografia notaram que o dispositivo se assemelha muito aos modelos dobráveis da linha Magic, da fabricante chinesa Honor. Embora a identificação exata da marca não seja possível apenas pela foto, o design é característico. Este episódio reforça um padrão observado por analistas: membros da cúpula política e militar norte-coreana frequentemente aparecem utilizando gadgets que parecem ser importados.
A contradição das sanções internacionais
Se confirmada a origem chinesa do telefone, o caso pode representar uma violação direta das sanções internacionais impostas à Coreia do Norte. A Resolução 2397 do Conselho de Segurança da ONU, entre outras medidas, proíbe expressamente a transferência de equipamentos elétricos e eletrônicos para o país. O objetivo dessas restrições é limitar o acesso do regime a tecnologia avançada e cortar fontes de receita externa que possam financiar seu programa militar.
O governo norte-coreano, por sua vez, sempre afirmou possuir uma produção nacional de smartphones
Não é a primeira vez
Este incidente está longe de ser isolado. Em 2023, imagens oficiais já haviam capturado o próprio líder Kim Jong-un e Hyon Song-wol, vice-diretora do Partido dos Trabalhadores, utilizando celulares dobráveis. Na ocasião, assim como agora, a procedência dos dispositivos não pôde ser confirmada oficialmente, mas sua presença nas mãos da elite levantou as mesmas questões sobre o cumprimento dos embargos.
O padrão sugere que, apesar do isolamento tecnológico imposto ao povo norte-coreano, os altos escalões do regime encontram meios de adquirir bens de consumo modernos, criando um claro contraste interno e desafiando a eficácia das sanções globais.
O episódio ocorre em um contexto mais amplo de preocupação com liberdades globais. Um estudo divulgado em dezembro de 2025 pela organização Notícias ao Minuto, intitulado "Tendências do Jornalismo: configuração em um mundo em crise", apontou que a liberdade de expressão no mundo recuou cerca de 10% desde 2012, evidenciando um ambiente internacional cada vez mais complexo para a circulação de informações e bens.