Exame da Ordem para Médicos? Senado debate polêmica que divide a classe
Exame da OAB para médicos? Senado debate proposta

Imagine só: depois de seis longos anos na faculdade, mais residência e especializações, o médico ainda teria que passar por um exame estilo OAB para poder clinicar. Soa absurdo? Pois é exatamente isso que está sendo debatido nesse momento no Senado Federal, e a discussão está pegando fogo.

Não é de hoje que essa ideia ronda os corredores do poder – ela ressurgiu com força total durante uma audiência pública da Comissão de Educação na última terça-feira. E olha, os ânimos estão bem acirrados.

De um lado, a turma do "é preciso"

Quem defende a prova alega que a qualidade do ensino médico no Brasil varia demais. Entre universidades de ponta e aquelas que... bem, deixam a desejar, o abismo é enorme. Um exame nacional unificado seria uma forma de garantir um piso mínimo de qualidade para todos os profissionais que saem das faculdades.

"A gente não pode brincar com saúde pública", argumentou um dos senadores, em tom grave. "O paciente tem o direito de ser atendido por um profissional bem preparado, independente de onde se formou."

Do outro, os que gritam "absurdo"

Agora, do outro lado da trincheira, a resistência é ferrenha. Representantes de entidades médicas foram enfáticos: já existem mecanismos mais que suficientes para controlar a qualidade da formação. Temos a prova do CREMESP em São Paulo, o ENARE para residência, e a própria revalidação de diplomas estrangeiros já serve como um filtro importante.

"Criar mais uma barreira burocrática só vai desestimular os jovens e piorar a falta de médicos em regiões que já sofrem com escassez", alertou um representante de classe, visivelmente irritado com a proposta.

E no meio disso tudo, o que pensa o CFM?

O Conselho Federal de Medicina, que seria o natural "criador" e aplicador dessa prova, já deixou claro: não quer nem saber dessa história. Eles argumentam que o problema da formação médica precisa ser combatido na raiz – com fiscalização rigorosa das faculdades e currículos de qualidade – e não com mais uma prova no final do processo.

"É tapar o sol com a peneira", definiu um conselheiro, sem papas na língua.

A verdade é que essa discussão mexe com nervos expostos. De um lado, a preocupação legítima com a segurança dos pacientes. Do outro, o medo real de criar mais obstáculos para uma profissão já tão exigente.

Enquanto os senadores debatem, milhares de estudantes de medicina acompanham a discussão com o coração na mão. Suas futuras carreiras podem depender do desfecho dessa briga política.

Uma coisa é certa: essa polêmica está longe de acabar. E como tudo que envolve saúde pública no Brasil, promete render muitas discussões acaloradas nos próximos meses.