Rua em Santo Amaro, SP, vai a leilão sem aviso prévio: vereador aprova emenda e moradores se revoltam
Rua em Santo Amaro vai a leilão sem aviso a moradores

Eis que os moradores de Santo Amaro acordaram com uma surpresa desagradável nesta terça-feira — a rua onde vivem, respiram e constroem suas histórias simplesmente… pode ir a leilão. Sim, você leu certo. E não, ninguém avisou.

A decisão partiu de uma emenda aprovada na Câmara Municipal, proposta pelo vereador — que, diga-se de passagem, não bateu à porta de nenhum residente para perguntar o que eles achavam da ideia. Conveniente, não?

Imagina só: você está tomando seu café, pensando nos afazeres do dia, e descobre que o pedaço de chão que liga sua casa ao mundo pode ser arrematado por qualquer um. É de gelar a espinha. E o pior? A notícia não veio por ofício, não veio por comunicado, nem mesmo por um panfleto mal-impresso. Veio pelo rumor — aquele jeito antigo, quase poético, de se informar o que é público.

O silêncio que fala mais alto

Nenhum aviso oficial. Nenhuma reunião com a comunidade. Nada. Só o barulho da máquina política girando — e, dessa vez, moendo o direito de gente que nem sabia que estava na jogada.

Não é como se faltassem avisos. A região é cheia de histórias, de vidas que se entrelaçam no asfalto, nas calçadas, nos muros. Mas para alguns, parece, o chão é só número. Endereço de papel. Coisa de planta baixa.

E agora? Os moradores se veem num limbo — entre a rua que sempre foi deles e a possibilidade de que, em breve, possa pertencer a outro. Quem compra uma rua, afinal? O que se faz com ela? Cobra pedágio? Instala cancela? Muda o nome? São perguntas que ecoam sem resposta.

O jogo político por trás do leilão

Parece roteiro de filme — mas é a política real, daquela que mexe com a vida da gente sem nem pedir licença. A emenda foi aprovada, o processo segue, e a rua… bem, a rua agora está à venda. Como se fosse commodity, item de estoque, peça de negócio.

E os moradores? Ah, esses ficam com o ônus da surpresa. A angústia da indefinição. A pergunta que não cala: até quando o poder público decide sozinho o que é público?

Enquanto isso, em Santo Amaro, a vida segue — mas com um gosto amargo de desconfiança. E um silêncio que, agora, diz muito mais que palavras.