
O que acontece nos bastidores do poder muitas vezes fica longe dos holofotes — mas nem sempre. Desta vez, um telefonema pode ter virado peça-chave no tabuleiro político. Fontes próximas ao Congresso revelam que o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira, teria ligado para o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) horas antes da decisão sobre a anistia a parlamentares.
Não foi um simples "bom dia". O teor da conversa? Ainda nebuloso. Mas o timing — ah, o timing! — é no mínimo curioso. A votação que poderia beneficiar dezenas de congressistas estava marcada para o dia seguinte. Coincidência ou estratégia?
O jogo das cadeiras giratórias
Na política, como no xadrez, cada movimento tem consequências. A proposta em questão prometia anistiar multas aplicadas a deputados por faltas em comissões. Algo que, nas palavras de um assessor que prefere não se identificar, "ninguém quer pagar do próprio bolso".
E Hugo Motta? Ele presidia justamente a comissão que analisaria o caso. Um detalhe que não passou despercebido pelos observadores mais atentos.
"Não lembro" ou "não posso dizer"?
Quando questionado, o deputado paraibano foi evasivo. "Conversas rotineiras acontecem o tempo todo", disse, sem confirmar nem negar o conteúdo. Já o gabinete de Marcos Pereira preferiu o silêncio — até agora.
Enquanto isso, nos corredores:
- Uns sussurram sobre "pressão velada"
- Outros defendem que era apenas "alinhamento processual"
- E tem aqueles que já chamam de "mais um capítulo da novela Brasília"
O fato é que, no dia seguinte, a proposta foi aprovada. Por 33 votos a 10. E aí? Será que o telefonema foi decisivo? Difícil cravar. Mas uma coisa é certa: na capital federal, até o que parece casual pode ter gosto de cálculo político.