
O placar eletrônico do Supremo acaba de registrar mais um capítulo dessa novela que ninguém vê, mas todo mundo sente. E olha, a coisa tá quente.
Num daqueles momentos que passam despercebidos para o grande público – mas que os juristas vão estudar pelos próximos dez anos –, Dias Toffoli simplesmente colocou o dedo na ferida. A ferida que ninguém quer admitir que existe.
O Voto que Abalou a Corte
Toffoli, sabe como é? Aquele jeito tranquilo dele escondendo uma firmeza de aço. Pois bem, ele soltou a bomba: questionou publicamente se o STF realmente deveria estar fazendo o trabalho de polícia. E não foi um questionamento qualquer – foi direto, específico, quase cirúrgico.
«Estamos virando delegados?» – a pergunta ecoou pelos corredores de mármore do Supremo como um trovão em dia de sol.
Fux x Moraes: O Duelo Invisível
Aqui é onde a coisa fica interessante. Luiz Fux, sempre o diplomata, já havia sinalizado preocupação com essa expansão de atribuições. Mas Alexandre de Moraes? Ah, Moraes segue firme, investigando com uma determinação que deixa uns orgulhosos e outros... bem, bastante nervosos.
E no meio disso tudo, Toffoli lança a braba: «Precisamos discutir isso em plenário!» Não como uma sugestão, mas quase como um ultimato. O recado estava dado.
O que Isso Significa na Prática?
Imagine o seguinte: o Supremo dividido entre dois entendimentos. De um lado, quem acredita que a corte deve agir ativamente, investigando tudo que aparece pela frente. Do outro, quem defende que juiz deve julgar, ponto final.
E no centro dessa tempestade perfeita, processos importantes – tipo aqueles das fake news e dos ataques democráticos – podem ficar literalmente no limbo. Uma espera que pode durar... bem, ninguém sabe ao certo.
O Silêncio que Grita
O mais curioso? Nenhum dos envolvidos está falando abertamente sobre isso. São olhares nos corredores, reuniões rápidas entre as sessões, mensagens trocadas nos grupos de WhatsApp. A disputa é real, mas acontece nos bastidores.
Fux mantém aquele ar sereno de sempre, mas fontes próximas dizem que ele está profundamente preocupado com a judicialização excessiva. Moraes, por sua vez, segue impassível – como se a discussão nem existisse.
E Agora, José?
A bola agora está com o plenário. Toffoli forçou a discussão para a mesa, e vai ser difícil empurrar com a barriga. Ou o STF define limites claros para seu próprio poder, ou continua nesse terreno pantanoso onde cada ministro faz basicamente o que bem entende.
O que me preocupa – e deveria preocupar você também – é que essa indefinição só beneficia quem quer ver o Judiciário enfraquecido. Enquanto eles discutem quem deve fazer o quê, processos importantes acumulam poeira nas gavetas.
No fim das contas, a pergunta que fica é simples: até onde pode ir o poder de investigação do Supremo? A resposta... bem, essa ainda está sendo escrita.