
O plenário do Supremo virou um ringue. E que ringue! No segundo dia desse verdadeiro cabo de guerra jurídico, as defesas de Jair Bolsonaro e de três generais — Braga Netto, Paulo Sérgio Nogueira e Augusto Heleno — finalmente pegaram o microfone. A tensão? Palpável.
O ministro Alexandre de Moraes, numa postura que misturava paciência de santo e pressão de juiz de fórmula 1, manteve o cronômetro rigoroso. Cada advogado teve seus míseros 15 minutos para se explicar. Tentar, pelo menos.
Os Generais na Mira
O cerne da questão, vamos combinar, é pesado. A Procuradoria-Geral da República ataca com tudo, alegando que essa galera toda fez parte de um suposto núcleo central que orquestrou a baderna de 8 de janeiro. Golpismo puro, segundo a acusação.
E as defesas? Ah, foram pra cima. A tática geral — com trocadilho inevitável — foi uma só: separar os eventos. A ideia era convencer o plenário de que as ações dos militares não tinham ligação direta com a destruição que se viu na praça dos Três Poderes. Uma jogada arriscada, pra dizer o mínimo.
O Jogo de Prazos de Moraes
Moraes não deu moleza. Ele não só cortou advogado no meio da frase — coisa feia, mas comum — como ainda negou pedidos de prazo extra. A alegação de um defensor, de que precisava de mais tempo porque assumiu o caso há pouco, foi por terra. O ministro foi direto: o prazo para se preparar já tinha sido dado lá atrás. Ponto final.
E não parou por aí. Quando a defesa de um dos generais tentou entrar com um recurso no meio da sessão, um habeas corpus preventivo, Moraes nem quis saber. Arquivou na hora. O recado estava claro: o jogo segue as regras dele.
O que Esperar Agora?
O julgamento segue. E a sensação que fica é que estamos num daqueles filmes de tribunal americano, onde cada palavra vale ouro. Só que o prêmio aqui é a liberdade de um ex-presidente e de comandantes militares.
O placar ainda está aberto. As sustentações orais continuam, e a expectativa é que o Supremo vote ainda esta semana. O Brasil segura a respiração. Mais um capítulo dessa novela que ninguém sabe como vai terminar.