
Numa reação que deixou muitos de queixo caído, a Procuradoria-Geral da República (PGR) não escondeu seu assombro diante da decisão dos Estados Unidos de incluir o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em sua lista de sanções. A medida, anunciada nesta quarta-feira (30), pegou até os mais experientes analistas políticos de surpresa — e não foi do agrado do governo brasileiro.
"É como se você estivesse assistindo a um jogo de futebol e, do nada, um torcedor invadisse o campo para protestar contra o árbitro", comentou um assessor jurídico que preferiu não se identificar. A comparação, ainda que pitoresca, reflete o clima de perplexidade que tomou conta dos corredores do poder em Brasília.
O que diz a PGR
Em nota oficial, a PGR classificou as sanções como "desproporcionais e sem fundamento jurídico sólido". O texto — que circulou entre autoridades antes de ser divulgado — deixa transparecer uma certa irritação contida. Afinal, estamos falando de um ministro do STF, instituição que, pelo menos no papel, deveria estar acima desse tipo de controvérsia internacional.
Detalhe curioso: a nota sequer menciona o nome de Moraes. Parece um daqueles casos em que o silêncio fala mais alto que as palavras. Seria estratégia ou mera formalidade? Difícil dizer.
As implicações práticas
Na prática, as sanções significam:
- Congelamento de quaisquer bens que Moraes eventualmente tenha nos EUA
- Proibição de transações financeiras com cidadãos americanos
- Restrições de viagem — embora isso seja mais simbólico, já que ministros do STF dificilmente precisam viajar a trabalho para os Estados Unidos
"É uma tempestade em copo d'água, mas que pode deixar marcas", avalia um diplomata aposentado, mastigando cada palavra como se estivesse saboreando um café amargo. O pano de fundo, claro, são as recentes rusgas entre Brasil e EUA em temas como democracia e liberdade de expressão.
O Palácio do Planalto, por sua vez, ainda não se manifestou oficialmente. Mas fontes próximas à Presidência garantem que há "desconforto" com a situação. Afinal, ninguém gosta de ver seus magistrados sendo tratados como párias internacionais — mesmo que, cá entre nós, as relações bilaterais já não fossem lá essas maravilhas.
Enquanto isso, nas redes sociais, a polarização bate recordes. De um lado, os que veem nas sanções uma ingerência inaceitável. De outro, os que comemoram como se fosse Natal em julho. O certo? Que o episódio promete render ainda muita tinta — ou melhor, muitos bytes — nos próximos dias.