Fachin rebate sanções de Trump a Moraes e defende autocontenção do STF: 'Momento delicado'
Fachin critica sanções de Trump a Moraes e defende STF

Numa tacada que mistura direito internacional e política doméstica, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), soltou o verbo sobre as recentes sanções impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump ao colega Alexandre de Moraes. E não foi pouco.

"Tem horas que a caneta pesa mais que a toga", disparou Fachin, num tom que beira o filosófico. O ministro, conhecido por suas tiradas precisas, não poupou críticas à medida de Trump, que incluiu Moraes numa lista de "restrições" — algo inédito contra um membro do Judiciário brasileiro.

O xadrez geopolítico e o STF

O que parece saído de um roteiro de suspense político ganha contornos reais. Fachin, aliás, foi direto: "Quando potências estrangeiras tentam influenciar nossa soberania judicial, é sinal vermelho". A fala ecoa preocupações que vão além do caso específico.

Num momento onde o STF vive sob os holofotes — ora celebrado, ora crucificado — o ministro defendeu o que chamou de "autocontenção ativa". Traduzindo? "O Supremo não pode ser refém de narrativas, mas também não deve alimentar polêmicas desnecessárias", explicou, quase como quem dá uma aula de equilíbrio institucional.

O recado entre linhas

Entre uma análise jurídica e outra, Fachin soltou pérolas que valem destaque:

  • "Nenhuma corte constitucional sobrevive ao excesso de protagonismo" — frase que parece dirigida a certos colegas
  • "Temos o dever de calçar as botas da prudência quando o terreno está escorregadio" — metáfora rural que surpreende vindo de um jurista urbano
  • "As instituições são como árvores: precisam de raízes firmes, mas flexíveis o suficiente para não quebrar na tempestade"

Não dá pra ignorar o timing. A declaração chega semanas após Moraes virar alvo preferencial de bolsonaristas e, agora, de figuras internacionais. Fachin, curiosamente, evitou mencionar o colega nominalmente — preferiu falar em "instituições" e "princípios". Coincidência? Difícil acreditar.

O certo é que o STF parece estar num daqueles momentos decisivos — aqueles que os historiadores do futuro vão dissecar em livros grossos. Resta saber se a "autocontenção" pregada por Fachin vai pegar entre os demais ministros. Ou se, como diria o povo, "o peixe vai comer a linha".