Brasil Abre os Trabalhos na ONU: Entenda a Tradição e a Importância do Primeiro Discurso
Brasil abre discursos da Assembleia Geral da ONU; saiba por quê

Não é de hoje, nem é por acaso. Nesta terça-feira, 23 de setembro, quando o mundo voltar seus olhos para Nova York, será a voz do Brasil a romper o silêncio solene do grande salão das Nações Unidas. Sim, de novo. É uma daquelas tradições que, de tão consolidadas, quase parecem invisíveis – mas carregam um peso histórico enorme.

Tudo começou lá atrás, em 1947, na segunda Assembleia Geral da história. Naquela época, o protocolo internacional ainda estava se ajustando e a escolha de quem falaria primeiro foi, digamos, um tanto aleatória. O Brasil, por uma dessas casualidades que acabam virando regra, foi o escolhido. E cá estamos nós, mais de 70 anos depois, com o país mantendo esse lugar de destaque único.

Mas por que o Brasil, afinal?

A resposta é um misto de história, diplomacia e uma pitada de pragmatismo. Nos primórdios da ONU, a organização buscava um país que fosse, ao mesmo tempo, representativo e que não estivesse no centro das tensões da Guerra Fria. O Brasil, com seu território continental, sua postura diplomática tradicionalmente pacífica e sua localização nas Américas, surgiu como uma escolha natural – um consenso que não desagradava a soviéticos nem a norte-americanos.

E assim ficou. O costume se enraizou de tal forma que hoje é quase uma lei não escrita. O primeiro discurso é nosso, ponto final. É uma honra, claro, mas também uma responsabilidade danada. Cabe ao Brasil dar o tom dos debates, apresentando as preocupações gerais da comunidade internacional antes que os ânimos se aqueçam com temas mais espinhosos.

O que esperar do discurso de 2025?

O palco está armado. A expectativa é que a delegação brasileira, mais uma vez, aborde temas caros ao país e ao mundo. A pauta ambiental, sem dúvida, estará em evidência – a proteção da Amazônia e a liderança em energias renováveis são cartões de visita que o Brasil não pode deixar de apresentar.

Além disso, é quase certo que serão destacados:

  • Paz e segurança internacional: Com focos nos conflitos ativos pelo globo.
  • Cooperação multilateral: Reforçando a importância do diálogo entre as nações.
  • Desenvolvimento sustentável: Alinhando-se com a Agenda 2030 da ONU.

É um momento de projeção. Um instante em que o Brasil, mesmo com todos os seus desafios internos, se coloca no centro do tabuleiro global. E isso, convenhamos, não é pouca coisa. Enquanto outros países esperam sua vez, muitas vezes lá no final da lista, nós temos a atenção do mundo, ainda que por alguns minutos. É uma oportunidade de ouro para mostrar que estamos aqui, com propostas e voz ativa.

Portanto, fique de olho. Quando o representante brasileiro se levantar para falar, não será apenas um protocolo. Será o capítulo mais recente de uma longa história de diplomacia – uma tradição que, ano após ano, coloca o Brasil no lugar de fala que, por direito e costume, já é seu.