
Não é brincadeira, nem blefe. A mensagem que chegou de Washington esta semana foi tão clara quanto um sino de igreja num domingo de manhã. Brian Nelson, o número dois do poderoso Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, deixou o aviso em alto e bom som: se precisar, o governo americano não vai pensar duas vezes antes de apertar ainda mais o cerco contra autoridades brasileiras envolvidas em atividades consideradas lesivas.
Parece que o assunto é sério mesmo. A declaração foi dada durante uma passagem dele por São Paulo, onde participou de um evento sobre segurança financeira. O tom não era de ameaça vazia, mas de um aviso pragmático, daqueles que fazem os mercados e os gabinetes políticos ficarem de orelha em pé. Ele foi direto ao ponto: o atual conjunto de sanções, que já atinge nomes de peso aqui no Brasil, não é um ponto final. É, na verdade, só o começo.
O que está por trás da decisão?
O cerne da questão, segundo Nelson, é um só: combater a corrupção e os abusos de direitos humanos. A famosa Lei Magnitsky, aquela que permite aos EUA congelar bens e proibir a entrada de indivíduos envolvidos nesses esquemas, é a arma que eles estão dispostos a usar sem piedade. A impressão que fica é que os americanos estão de olho bem aberto e com a caneta na mão, prontos para adicionar novos nomes à lista a qualquer sinal de irregularidade.
E olha, isso não é algo que se faça da noite para o dia. A burocracia americana é pesada, mas quando decide agir, a pancada é certeira. As sanções do Tesouro não são um puxão de orelha simbólico; elas isolam internacionalmente, travam transações financeiras e mancham a reputação de qualquer um que seja alvo. É um golpe duro, capaz de paralisar uma carreira política ou empresarial da noite para o dia.
E o Brasil nessa história?
Aqui do nosso lado, a reação oficial tem sido de cautela. O Itamaraty, como era de se esperar, emitiu uma daquelas notas diplomáticas, reafirmando o "diálogo respeitoso" entre os dois países. Mas entre as linhas, dá para sentir um certo desconforto. Afinal, ter a soberania nacional questionada por uma potência estrangeira, ainda que com o argumento de combater o crime, sempre é uma situação espinhosa.
O que me preocupa, francamente, é o efeito cascata. Será que outras nações vão seguir o exemplo americano? E o mais importante: será que essas medidas vão, de fato, ajudar a limpar a casa, ou só vão servir para criar um clima ainda mais de tensão e desconfiança? Difícil dizer. O futuro é um lugar cheio de incertezas.
Uma coisa, porém, é certa: o sinal de alerta foi ligado. Para as figuras públicas brasileiras que ainda insistem em trilhar caminhos tortuosos, a mensagem de Nelson soou como um ultimato. Os Estados Unidos estão de vigília, e a lista de nomes proibidos pode ficar muito, muito maior. O recado foi dado. Agora, é esperar para ver quem vai ouvir.