Parece que os ânimos entre Brasília e Washington estão longe de se acalmar. Na verdade, a coisa escalou de forma tão surpreendente que deixou muita gente de queixo caído. O governo dos Estados Unidos — sim, a maior potência mundial — resolveu disparar verbalmente contra ninguém menos que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
E não foram críticas leves. Longe disso. O porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, usou termos pesados durante coletiva à imprensa. Chamou o ministro de "descontrolado" e acusou-o de praticar o que classificou como um verdadeiro "regime de censura". Forte, não?
O Cerne da Controvérsia
O estopim dessa nova investida? A decisão de Moraes que determinou o bloqueio de contas em redes sociais de algumas empresas norte-americanas. O ministro alega — com certa razão, diga-se — que essas plataformas não estariam cumprindo devidamente as ordens judiciais brasileiras de remover conteúdo considerado ilegal.
Mas os EUA veem a situação por outro prisma completamente diferente. Eles argumentam, com veemência, que tais medidas configuram uma restrição severa à liberdade de expressão. Miller foi enfático: "Não concordamos com a censura. Ponto final".
Um Histórico que se Repete
Esta não é, vale destacar, a primeira vez que a relação entre os dois países azeda por causa de Moraes. Em março, a coisa já tinha ficado feia. Senadores republicanos chegaram a propor, sério mesmo, sanções contra o ministro brasileiro. Na época, a justificativa era similar: preocupação com o que chamaram de "supressão da liberdade de imprensa".
O Itamaraty, é claro, não ficou quieto. Reagiu com dureza, classificando as declarações como "despropositadas" e reafirmando — com todas as letras — a "sólida tradição democrática brasileira". E ainda deixou um recado indireto, mas claro: cada país deve resolver seus assuntos internos sem intromissões externas.
Liberdade de Expressão vs. Regulamentação
O debate que surge aqui é espinhoso e cheio de nuances. De um lado, a premissa — válida — de que as big techs precisam seguir as leis dos países onde atuam. Do outro, a preocupação legítima com possíveis excessos no poder de moderar conteúdo.
O governo Biden, particularmente, tem pressionado por mais transparência nessas decisões. Querem saber os critérios, as justificativas detalhadas. Alegam que bloqueios globais de contas, baseados em ordens judiciais de um único país, criam um precedente perigoso.
E no meio disso tudo, Moraes segue firme. Sua defesa é conhecida: as medidas são necessárias para combater crimes digitais e desinformação, especialmente após os eventos graves de 8 de janeiro.
Resta saber como essa queda-de-braço diplomática — e ideológica — vai terminar. Uma coisa é certa: o mundo está observando.
