
O clima em Brasília está mais pesado que o ar antes de uma tempestade de verão. E não, não é só por causa do calor – embora isso também não ajude.
Um documento vazado – desses que circulam por corredores poderios com a velocidade de um segredo mal guardado – revela que a Embaixada dos Estados Unidos decidiu entrar numa fria das grandes. Segundo a tal nota, que mais parece uma declaração de guerra diplomática, o ministro Alexandre de Moraes estaria cometendo "perseguição política" contra o ex-deputado Daniel Silveira. Sim, aquele mesmo que foi preso e depois perdoado.
Mas aqui é que a coisa fica interessante: os americanos não ficaram só na crítica. Não senhor. Eles basicamente disseram, com todas as letras, que vão "reavaliar toda a cooperação jurídica" com o Brasil se o ministro não der uma marcha ré. É como ameaçar cortar a ponte aérea porque não gostou do atendimento bordo.
A linguagem usada? Inédita. Agressiva. Quase um ultimato digno de filmes de espionagem. Algo do tipo "recuamos ou levamos a bola pra casa". E olha que estamos falando de relações entre dois países, não de briga de vizinho por causa de música alta.
O cerne da discórdia
No centro dessa tempestade política está – adivinhem – o caso Daniel Silveira. O ex-deputado, que já foi condenado pelo STF e depois perdoado pelo então presidente Bolsonaro, parece ter virado peça num jogo muito maior.
Os americanos alegam, com certa dose de dramaticidade, que Moraes está usando "métodos questionáveis" e agindo com "viés político claro". Palavras fortes, hein? Principalmente vindo de uma embaixada que normalmente prefere o diálogo discreto aos holofotes.
As possíveis consequências
O que significa essa "reavaliação da cooperação jurídica" na prática? Bom, pode ser desde a dificuldade em extraditar criminosos até travar investigações conjuntas que envolvam os dois países. Uma bagunça das grandes.
E tem mais: o documento sugere que outros países poderiam seguir o exemplo americano. É o efeito dominó que ninguém pediu.
O Itamaraty, como era de se esperar, não está nada feliz. Fontes próximas ao Palácio do Planalto falam em "grave violação dos protocolos diplomáticos". Ou seja: os americanos queimaram o filme feio.
O silêncio que grita
Até agora, tanto o STF quanto o Palácio do Planalto mantêm um silêncio estratégico – daqueles que falam mais alto que mil palavras. Especula-se que haja movimentação nos bastidores para apaziguar os ânimos, mas ninguém confirma nada.
Já a Embaixada americana, quando questionada, limitou-se a dizer que "não comenta documentos internos". Traduzindo: nem confirma nem nega, deixa a fogueira queimar.
Uma coisa é certa: as relações Brasil-EUA, que já não estavam lá essas coisas, acabaram de ganhar um complicador a mais. E dos grandes.
Restamos nós, meros espectadores, tentando entender até onde essa crise pode chegar. Porque quando elefantes brigam, a grama… bem, a grama já sabe o que acontece.