
Numa daquelas saídas de entrevista que todo político adora, Jair Bolsonaro preferiu não entrar no mérito das sanções impostas pelos Estados Unidos ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. O ex-presidente, que sempre teve um pé atrás com o Judiciário, simplesmente lavou as mãos. "Nada com isso", resumiu, como quem joga a toalha antes da luta começar.
O clima? Tensão pura. Enquanto Washington aperta o cerco contra Moraes — acusando-o de abuso de poder —, Bolsonaro, que já foi alvo de investigações do ministro, faz questão de se manter na plateia. Não aplaude, não vaiassem, só observa. E olha que, em outros tempos, ele não perdia uma chance de criticar o STF.
O que está por trás das sanções?
Os EUA, sempre metidos a xerifes do mundo, decidiram incluir Moraes numa lista de pessoas banidas de entrar no país. A justificativa? Alegam que o ministro teria "atacado a democracia" ao investigar supostos golpistas. Coincidência ou não, muitos dos investigados são aliados do ex-presidente.
Mas Bolsonaro, agora mais cauteloso que gato em telhado quente, nem quis chegar perto do assunto. "Cada um com seus problemas", disparou, num tom que mistura indiferença com alívio por não estar no centro da polêmica — pelo menos desta vez.
E o STF? Calado como sempre
Enquanto isso, o Supremo segue em silêncio. Nada de notas oficiais, nada de rebates inflamados. Só o barulho dos processos acumulados sobre a mesa. Moraes, conhecido por sua discrição, não deu nem um pio. Mas é certo que a medida americana deve esquentar ainda mais o clima no plenário.
Resta saber: será que essa história vai virar mais um capítulo daquela novela interminável entre Bolsonaro e o Judiciário? Ou o ex-presidente finalmente aprendeu a arte de ficar quieto? Alguém avisa que, em política, silêncio às vezes fala mais que discurso.