
Porto Alegre virou palco de mais um capítulo da polarização política que divide o Brasil. Neste sábado (3), centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro ocuparam as ruas do centro da cidade, transformando o asfalto em um mar de verde e amarelo - com direito a algumas camisetas da seleção brasileira, é claro.
O clima? Digamos que não era exatamente uma festa de aniversário. Os manifestantes - muitos com aquela cara de "já vi coisa pior" - descarregaram suas frustrações contra o governo Lula e, principalmente, contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Os alvos da ira bolsonarista
Se você pensa que o tempo amenizou os ânimos, enganou-se redondamente. Os discursos no palanque improvisado poderiam derreter até o aço:
- "Moraes precisa cair!" - gritou um senhor de chapéu do Ceará, que parecia ter guardado o ódio na mala da viagem
- "Lula tá vendendo o Brasil" - afirmou uma senhora com camisa estampando o rosto de Bolsonaro, enquanto segurava uma bandeira do Brasil maior que ela
- "Não aceitamos essa palhaçada do TSE" - berrou um jovem que, pelo volume da voz, devia estar economizando em microfones
Curiosamente, o ex-presidente Bolsonaro - que anda mais sumido que celular em praia lotada - não deu as caras. Mas sua presença simbólica estava em todo lugar: de adesivos nos carros a bonecos infláveis com seu rosto.
O que dizem os números?
A PM estimou cerca de 1.500 pessoas no auge do protesto - número que os organizadores, é claro, multiplicaram por dez. Seja como for, foi suficiente para fechar ruas e irritar alguns moradores locais, que reclamaram do barulho e dos transtornos.
"Toda semana é isso, já encheu" - resmungou um vendedor ambulante, enquanto recolhia sua barraca mais cedo para evitar confusão. Do outro lado da rua, um grupo de turistas fotografava a cena com cara de "só queria comer um chimarrão em paz".
Segurança em alerta
A Polícia Militar fez aquela presença padrão: muitos olhares atentos, pouca intervenção. Nada de confrontos, mas também nada de moleza - afinal, ninguém quer repetir as cenas de 2023.
Os organizadores, por sua vez, garantiram que tudo seria "dentro da lei". E, de fato, o protesto seguiu sem maiores incidentes - a não ser por alguns ânimos exaltados e uns palavrões que fariam uma avó corar.
Enquanto isso, nas redes sociais, a briga continuava firme e forte. De um lado, os apoiadores comemoravam a "força do movimento". Do outro, os críticos ironizavam: "manifestação de aluguel".
Uma coisa é certa: em ano que não tem eleição, a política brasileira continua tão animada quanto briga de torcida organizada. E Porto Alegre, como sempre, no centro do furacão.