Trump muda o foco: menos cessar-fogo, mais acordo de paz na Ucrânia – o que está por trás?
Trump quer acordo de paz, não cessar-fogo na Ucrânia

Numa guinada que pegou muitos de surpresa, Donald Trump decidiu dar uma banana para o cessar-fogo imediato na Ucrânia. O ex-presidente americano, que sempre fala o que pensa (ou nem pensa antes de falar), agora está martelando na tecla de um acordo de paz definitivo.

"Cessar-fogo? Isso é coisa de amador", disparou Trump em seu estilo característico durante um comício em Iowa. "Precisamos é de uma solução que acabe com essa bagunça de uma vez por todas." Frases curtas, diretas – típicas do magnata que nunca foi de rodeios.

O jogo político por trás das palavras

Analistas políticos – aqueles sujeitos que vivem de decifrar códigos entre as linhas – estão com a pulga atrás da orelha. Será que Trump está mesmo preocupado com a paz ou isso é só mais uma jogada para se diferenciar de Biden nas eleições que se aproximam?

"Quando um político fala em 'paz', é bom desconfiar", filosofa o professor de relações internacionais da USP, Carlos Braga. "Principalmente quando vem de alguém que, no poder, vendeu mais armas que pipoca no cinema."

  • Trump critica a abordagem atual como "fraca" e "sem visão"
  • Defende negociações diretas entre Rússia e Ucrânia
  • Menciona seu "relacionamento especial" com Putin

Não dá para negar – o timing é no mínimo curioso. Com as primárias republicanas esquentando, o ex-presidente parece estar afiando suas garras contra a política externa do governo atual. Convenientemente, ele se coloca como o único capaz de "resolver esse problema em 24 horas", como já disse antes.

E as vítimas do conflito?

Enquanto os políticos discutem estratégias em salas com ar-condicionado, a população ucraniana enfrenta um inverno brutal sob bombardeios. "É fácil falar em acordos de paz quando não são suas casas que estão sendo destruídas", desabafa Oksana, uma refugiada em Varsóvia.

Especialistas em resolução de conflitos – gente que realmente entende do riscado – alertam: soluções milagrosas geralmente são furadas. "Paz não se decreta, se constrói", explica Marina Silva, da ONU. "Exige tempo, concessões dolorosas e, acima de tudo, vontade real das partes."

Trump, claro, discorda. Para ele, tudo se resolve com um bom acordo comercial e umas palmadinhas nas costas de ditadores. Será mesmo? A história – aquela velha senhora que nunca erra – vai nos contar.