
Numa jogada que mistura diplomacia com urgência econômica, um grupo de senadores brasileiros desembarcou em Washington nesta semana com uma missão nada simples: convencer o governo americano a recuar da ameaça de impor tarifas de até 50% sobre produtos nacionais. A medida, que parecia improvável há alguns meses, agora paira como uma espada sobre setores estratégicos do agronegócio.
— Não estamos aqui para pedir esmola, mas para mostrar dados concretos — disparou o senador Carlos Portinho (PL-RJ), um dos integrantes da comitiva, em tom que alternava entre a firmeza e a preocupação. — Essa guerra comercial não interessa a ninguém, muito menos aos agricultores do Midwest americano que dependem de insumos brasileiros.
O jogo de xadrez por trás dos números
Enquanto analistas preveem impactos bilionários caso a medida seja implementada, fontes próximas à delegação revelam que os parlamentares adotaram uma estratégia multifacetada:
- Apresentação de estudos mostrando como as tarifas podem encarecer a cadeia produtiva americana
- Alianças com congressistas de estados agrícolas dos EUA que já manifestaram preocupação
- Proposta de acordo setorial para produtos específicos, evitando medidas generalizadas
Curiosamente, a agenda coincidiu com a visita de governadores do Nordeste à China — movimento que alguns veem como um recado sutil sobre alternativas de mercado. Será coincidência ou jogo político de alto nível?
O fator eleitoral
Com as eleições americanas se aproximando, os senadores apostam que Trump pode estar mais aberto a negociar do que seus discursos inflamados sugerem. Afinal, ninguém quer explicar a fazendeiros do Iowa por que o fertilizante ficou 30% mais caro em plena temporada de plantio.
— Ele é imprevisível, sim, mas não irracional — comentou uma assessora que pediu anonimato. — Quando os números falam mais alto que os tweets, até os discursos mais duros podem mudar.
Enquanto isso, no Planalto, o governo Lula acompanha as negociações com cautela otimista. Afinal, depois do susto com as recentes barreiras europeias, outra tempestade comercial é tudo o que a economia brasileira não precisa neste momento.