
O cenário político em Paris virou um verdadeiro campo de batalha nesta segunda-feira. Num daqueles raros momentos que ficam marcados na história política francesa, o parlamento decidiu cortar as asas do governo de Elisabeth Borne.
E não foi por pouco — 278 votos contra 193. Uma diferença que doía, mostrando como a oposição conseguiu se organizar para dar esse golpe magistral.
O estopim: a reforma que ninguém queria
Tudo começou com aquela reforma da previdência que Macron tanto queria empurrar goela abaixo dos franceses. Dois meses de protestos nas ruas, greves que paralisaram o país, e mesmo assim o governo insistiu na teimosia.
Usando um artigo constitucional controverso — o 49.3 — Borne forçou a aprovação da reforma sem votação parlamentar. Mal sabia ela que estava assinando sua própria sentença de demissão.
Uma tempestade perfeita no parlamento
Os partidos de oposição, que normalmente não se conversam, fizeram algo extraordinário: uniram-se como nunca. Esquerda, direita, extremos — todos contra o governo. Até os Republicanos, que normalmente flertam com Macron, desta vez viraram a casaca.
O que me faz pensar: será que subestimaram a raiva que a reforma gerou? Parece que sim.
Os números não mentem — 278 votos contra o governo. Uma humilhação política daquelas que deixam marcas.
E agora, José?
Com Borne fora do jogo, Macron se vê num beco sem saída. Dissolver o parlamento? Arriscar novas eleições? Encontrar outro nome que agrade a todos?
Difícil. Muito difícil. O presidente francês está amarrado — sua popularidade não está das melhores, e o país está dividido como há muito não se via.
O mais irônico? A reforma da previdência, causa de toda essa confusão, já está em vigor desde abril. Mas o preço político que Macron está pagando é altíssimo.
O que isso significa para os franceses
Além da evidente instabilidade governamental, a mensagem é clara: o parlamento francês ainda tem dentes, e está disposto a usá-los quando sentir que o governo ultrapassa os limites.
Para Macron, restam opções limitadas. Nomear um novo primeiro-ministro que possa construir pontes com a oposição? Quase mission impossible neste clima envenenado.
Uma coisa é certa — os próximos dias em Paris serão de intensas negociações nos corredores do poder. E o mundo todo está de olho, porque quando a França espirra, a Europa toda pega pneumonia.