Numa jogada que mistura diplomacia e pragmatismo, o presidente Lula pegou o telefone nesta terça-feira (23) para uma conversa que promete dar o que falar. Do outro lado da linha, nada menos que a presidente do México, Claudia Sheinbaum. O assunto? Aquele velho fantasma que assombra as relações comerciais das Américas: as polêmicas tarifas impostas por Donald Trump.
Não é de hoje que o ex-presidente americano — que agora volta à carga nas eleições — gosta de acender pavios com suas medidas protecionistas. E parece que dessa vez a estratégia foi unir, em vez de dividir. Pelo menos é o que sugere o tom cordial (mas firme) da conversa entre os dois líderes latino-americanos.
O que está em jogo?
Segundo fontes próximas ao Planalto, a chamada durou cerca de 40 minutos — tempo suficiente para:
- Analisar os impactos reais das tarifas nas economias de ambos os países
- Discutir possíveis medidas conjuntas de resposta
- Traçar um diálogo mais alinhado frente ao cenário internacional
"É aquela velha história: quando a casa do vizinho pega fogo, é bom molhar o seu telhado", comentou um assessor que preferiu não se identificar. A metáfora, ainda que batida, parece resumir o espírito do momento.
E o México nessa história?
Pouca gente lembra, mas os mexicanos já dançaram muito no salão espinhoso das tarifas trumpianas. Em 2019, o país chegou a sofrer sob ameaças de taxações de até 25% — e acabou cedendo em alguns pontos. Agora, com Sheinbaum no comando e Lula buscando reposicionar o Brasil no xadrez global, a conversa ganha contornos diferentes.
Não se trata apenas de reagir, mas de antecipar. E, quem sabe, criar uma frente comum que vá além do discurso. Afinal, como dizem por aí: "contra fatos (e tarifas), não há argumentos" — só ação coordenada.
O timing, diga-se, não poderia ser mais oportuno. Enquanto Trump promete "tempestades" comerciais caso retorne à Casa Branca, os países da região parecem finalmente acordar para a necessidade de jogar em equipe. Resta saber se essa sinergia vai sair do campo das palavras.
