
E então a coisa aconteceu. Não foi um sussurro, nem um rumor de corredor. Foi uma declaração direta, daquelas que ecoam pelos gabinetes diplomáticos do mundo inteiro. O presidente francês, Emmanuel Macron, simplesmente colocou os pontos nos is: a França reconhece, oficialmente, o Estado da Palestina.
Parece que foi ontem que a questão parecia emperrada, não parece? Um daqueles impasses que se arrastam por décadas, com poucas esperanças de uma mudança real. Mas eis que Paris, num daqueles movimentos que só ela sabe fazer, decide alterar o status quo. Macron, com aquela serenidade que às vezes beira a frieza, deixou claro que esta não é uma decisão tomada de ânimo leve. Longe disso. É, nas suas próprias palavras – ou pelo menos na essência delas –, um ato de coerência política e moral.
O Peso das Palavras num Mundo em Crise
Não se engane, este não é um gesto meramente simbólico. Num contexto internacional tão conturbado, onde o conflito entre Israel e Hamas continua a ceifar vidas e a gerar instabilidade, uma movimentação destas tem o peso de um terramoto. A França posiciona-se, e fá-lo de forma clara. É como se dissesse: «Chega de ambiguidades.»
O que me leva a pensar: qual será o impacto real disto? Será que outros países da União Europeia vão seguir o exemplo? A Irlanda e a Espanha já deram sinais nesse sentido, criando uma espécie de frente dentro do bloco. Macron, com este passo, não só se junta a este grupo como lhe dá uma força diplomática considerável. É uma mensagem forte para Israel, mas também para potências como os Estados Unidos, que tradicionalmente têm uma posição diferente.
Uma Decisão que Divide Águas
É claro que a reação não será unânime. Há quem veja isto como uma legitimação prematura, um risco para a segurança de Israel. Outros, naturalmente, celebrarão como uma vitória longamente esperada pela causa palestiniana. A verdade é que estas decisões raramente agradam a gregos e troianos. E talvez nem devessem. Política externa de alto nível é assim mesmo – cheia de arestas.
O que salta aos olhos é o timing. Num momento de tão grande tensão, a França escolhe dar um passo que, sem dúvida, vai aquecer ainda mais o debate. É corajoso? É temerário? Só o tempo dirá. Mas uma coisa é certa: o mapa político do Médio Oriente acaba de ganhar uma nova peça, movida a partir de Paris.
Resta esperar para ver os desdobramentos. Como Israel vai reagir oficialmente? Que papel a França pretende desempenhar nas negociações de paz daqui para a frente? São perguntas que ficam no ar, mas que, a partir de hoje, terão de ser feitas considerando este novo e importante facto. A bola, agora, está no campo dos outros atores globais.