
O Nepal acaba de dar uma guinada histórica — e que guinada! — na sua já turbulenta trajetória política. Sushila Karki, que já comandou a Suprema Corte do país com mão de ferro, acaba de ser empossada como primeira-ministra. Sim, você leu direito: a ex-chefe do Judiciário agora assume o Executivo.
Nada disso foi por acaso, claro. A nomeação veio após um acordo — daqueles de fazer inveja a qualquer negociador profissional — entre o Partido Comunista do Nepal e o Congresso Nepali. Dois gigantes que normalmente se estranham mais do que cão e gato de rua, mas que agora encontraram um terreno comum. Ou melhor, uma solução desesperada para desemperrar a máquina governamental, que estava parada há meses.
Karki não é qualquer uma. Com uma carreira jurídica sólida — ela foi a primeira mulher a ocupar a presidência da Suprema Corte, em 2016 —, ela traz na bagagem uma reputação de integridade e pulso firme. Algo que, convenhamos, não é exatamente comum na política nepalesa.
Uma transição que promete agitar as estruturas
O que se espera dela? Bom, tudo. A nova premiê herdou um país à beira de um colapso administrativo, com uma crise política que se arrasta e uma Constituição ainda engatinhando. A tarefa é hercúlea: implementar a nova Carta Magna, promover a reconciliação nacional e, olha só a ironia, supervisionar as próximas eleições.
— É uma escolha corajosa, sem dúvida — comentou um analista político que preferiu não se identificar. — Ela não é filiada a partidos, o que pode ser tanto uma vantagem quanto uma armadilha. Vai precisar negociar cada passo.
E não vai ser moleza. A oposição, liderada pelo Partido Comunista, já deu sinais de que não vai facilitar. Mas Karki parece não ser do tipo que se intimida. Afinal, esta é a mesma mulher que, na Suprema Corte, não hesitou em desafiar interesses poderosos.
O que isso significa para o Nepal — e para o mundo
Para além dos himalaios, a nomeação de Karki é vista como um sinal interessante. Um sinal de que talvez, só talvez, a experiência técnica e a credibilidade estejam voltando a valer mais do que lealdades partidárias cegas.
O tempo dirá se essa aposta vai dar certo. Mas uma coisa é certa: os nepaleses — e o mundo — estarão de olho. Afinal, não é todo dia que uma ex-juíza assume o comando de uma nação inteira. É de se torcer, não é mesmo?