
Era um daqueles dias em que Brasília parecia respirar alívio — ou seria apenas um suspiro antes da próxima tempestade? O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), surpreendeu a todos ao anunciar, nesta quarta-feira, o fim da obstrução que travava pautas do governo no plenário. "Chegamos a um limite", admitiu, com um tom que misturava cansaço e estratégia.
Quem acompanha o jogo político sabe: obstrução não é brincadeira de criança. É tática de guerra parlamentar, usada para desgastar, pressionar, ganhar tempo. Durou três semanas. Três semanas de discursos inflamados, votações proteladas e — vamos combinar? — um certo desgaste até para quem está acostumado ao ritmo do Congresso.
Por que agora?
Marinho jogou verde: "Não faz sentido continuar". Mas entre as linhas, dá pra ler outros motivos:
- A base governista já contava com votos suficientes para derrubar os requerimentos da oposição
- O desgaste da imagem dos partidos de oposição começava a aparecer nas pesquisas
- Alguns senadores — até mesmo da oposição — reclamavam do prejuízo a pautas de seus estados
Não foi uma decisão unânime. Fontes próximas ao PL contam que houve bate-boca entre aliados antes do anúncio. "Tem quem ache que ceder agora é mostrar fraqueza", comentou um assessor, sob condição de anonimato.
E agora, José?
Com a obstrução encerrada, o governo pode respirar? Calma lá. A oposição promete "vigilância redobrada" sobre projetos polêmicos. Marinho deixou claro: "Não vamos baixar a guarda".
Entre as pautas que devem voltar ao plenário:
- A reforma tributária — aquela que todo mundo fala, mas ninguém entende direito
- O projeto que muda as regras do saneamento básico
- A indicação de novos diretores para agências reguladoras
Parece que o jogo político vai continuar, só que com outras peças no tabuleiro. Como diria um velho político: "No Congresso, quando uma porta se fecha, alguém sempre abre uma janela — geralmente para jogar areia nos olhos dos outros".