O cenário político no Nordeste — tradicional reduto petista — está passando por uma transformação silenciosa, mas significativa. E não, não é exagero. Analistas do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, estão vendo algo que, até pouco tempo atrás, parecia improvável: uma erosão no apoio ao presidente Lula na região.
É como se o chão, antes firme, começasse a apresentar rachaduras. E olha, não se trata de achismo. A conclusão vem de um mapeamento minucioso encomendado pela legenda, que percorreu os nove estados nordestinos para sentir a temperatura do eleitorado.
O Vento Está Mudando no Sertão?
O relatório, obtido pela VEJA, aponta uma queda na popularidade de Lula. Os motivos? A equipe de Bolsonaro identifica dois principais: a crise econômica que aperta o bolso do brasileiro e… a sensação de que o governo atual está mais focado em agendas internacionais do que nos problemas domésticos. Soa familiar?
Mas calma, isso não significa um colapso. A base lulista ainda é forte — estamos falando do Nordeste, afinal. A questão é que a blindagem parece ter diminuído. O eleitor está mais crítico, mais atento. E, possivelmente, mais aberto a ouvir outros discursos.
A Estratégia da União: Uma Frente Ampliada Contra Lula
Aqui é onde a coisa fica realmente interessante. O mesmo diagnóstico aponta para uma necessidade crucial no campo bolsonarista: a união. A estratégia de 2022, que focou num embate polarizado e direto, deu o que tinha que dar.
A nova cartada é diferente. A ideia é formar uma ampla coalizão de forças, indo muito além do núcleo duro bolsonarista. O objetivo é agregar desde figuras de centro-direita até políticos tradicionais descontentes com o governo, criando uma grande frente oposicionista.
Não se trata mais apenas de mobilizar a base, mas de conquistar quem está no meio do caminho. O eleitor que vota no candidato, e não necessariamente no partido. Aquele que pode ser convencido.
Os Números e a Percepção
O trabalho de campo do PL não se limitou a números frios. Eles buscaram capturar a percepção das pessoas. E o que encontraram foi um certo desencanto. O fator saudosismo do governo Lula anterior parece estar se esvaindo, dando lugar a uma avaliação mais pragmática do presente.
O custo de vida, é claro, é o grande vilão. Como manter apoio irrestrito quando o preço da feira assusta toda semana? É uma pergunta que ecoa nas conversas de boteco e nos mercados públicos.
O governo, por sua vez, ainda joga com a força de sua máquina e de suas alianças regionais consolidadas. Desbancar isso exige mais do que discurso. Exige proposta. E é nessa brecha que a oposição pretende entrar.
O jogo político nacional, definitivamente, não está definido. E o Nordeste, sempre decisivo, promete ser, mais uma vez, o grande termômetro dessa disputa. Quem viver, verá.
