
Numa conversa franca que mais parecia um desabafo entre amigos, o presidente Lula deixou escapar o que todo mundo já suspeitava: negociar com os americanos tá sendo mais difícil que convencer torcedor do Flamengo a torcer pro Vasco. E olha que ele tem experiência de sobra nesse tipo de embate diplomático.
"A gente chega com a mão estendida, mas parece que eles preferem manter os braços cruzados", disparou o mandatário, num misto de frustração e determinação que só quem já bateu cabeça contra parede consegue entender. Aquele jeito mineiro de falar coisas sérias com um quê de piada pronta.
O Xis da Questão
No centro da treta - porque diplomacia também tem seus momentos de toró de parpite - estão três pontos espinhosos:
- Tarifas que transformam o café brasileiro em artigo de luxo nos EUA
- Exigências ambientais que beiram o surreal (como se fossem os donos da razão ecológica)
- Aquela velha história de "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" nas regras comerciais
Lula, com aquela paciência de jogador de xadrez que sabe que a partida vai longe, admitiu que as conversas estão travadas. Mas fez questão de ressaltar: "Travada não significa perdida. A gente tá aprendendo a dançar conforme a música - mesmo quando a orquestra desafina".
Jogo de Cintura vs. Firmeza
O que mais impressiona nesse cabo de guerra diplomático é como o presidente brasileiro consegue equilibrar dois pesos: de um lado, a necessidade de manter as relações com o maior parceiro comercial do Brasil; de outro, a obrigação de defender os interesses nacionais sem fazer vénias.
"Tem hora que é melhor perder o acordo do que perder a dignidade", filosofou Lula, entre um gole de café e outro. E não é que ele tem razão? Afinal, quem nunca se viu numa situação onde dizer "não" era a única opção decente?
Os analistas políticos - aqueles seres que transformam até um pires de café em tratado geopolítico - estão divididos. Uns acham que o Brasil está se queimando à toa. Outros aplaudem a postura firme. E no meio disso tudo, o comércio exterior brasileiro segue como barco em mar revolto.
E Agora, José?
O que esperar dos próximos capítulos dessa novela? Se depender do Planalto, a estratégia é clara: persistência com pitadas de criatividade. "Inventamos o avião, acredita que não vamos inventar um jeito de dialogar?", provocou Lula, com seu jeito peculiar de misturar otimismo com pragmatismo.
Enquanto isso, nas mesas de negociação, os diplomatas brasileiros parecem ter adotado o lema "devagar se vai ao longe". Mas será que esse jogo de paciência vai render frutos? Só o tempo - e talvez umas doses generosas de paciência - dirão.