
Não deu outra. O asfalto do Eixão Sul, em Brasília, virou palco de um verdadeiro mar verde-amarelo neste sábado (3). De longe, parecia até um Carnaval fora de época — mas em vez de samba, o som era de gritos de "mito" e hinos patrióticos.
Quem passava por ali por volta do meio-dia via cenas que lembravam 2022: bandeiras do Brasil balançando, carros buzinando em uníssono e até aqueles velhos adesivos "Bolsonaro 22" reaparecendo nos vidros. Dessa vez, porém, o clima era diferente. Menos esperança, mais revolta contida.
O protesto por trás das selfies
"Cansei de ficar em casa reclamando no zap", disse Maria do Carmo, 58, enquanto ajustava sua camisa estampada com o rosto do ex-presidente. Ela veio de Valparaíso especialmente para o protesto — e não estava sozinha. Calcula-se que pelo menos 3 mil pessoas ocuparam as margens da via.
Entre os manifestantes:
- Aposentados com bandeiras improvisadas feitas de lençóis
- Jovens com drones filmando tudo (inclusive a PM de longe)
- Até um cachorro vestido com a bandeira do Brasil — sim, isso mesmo
O trânsito? Nem se fala. Motoristas que tentavam cortar o Eixão precisaram ter paciência de jó. Alguns até aderiram à manifestação, buzinando sem parar enquanto passavam.
O que realmente motivou a galera?
Conversando com a multidão, dava pra sentir um misto de sentimentos. Tinha de tudo:
- Gente revoltada com os rumos do governo atual
- Pessoas que ainda acreditam na volta do "mito" em 2026
- E até aqueles que foram só pra não se sentir sozinhos no pensamento
"Não é só sobre Bolsonaro", explicou um senhor que preferiu não se identificar. "É sobre o Brasil que a gente quer." Frase que se repetiu como mantra entre os presentes.
Enquanto isso, nas redes sociais, o protesto dividiu opiniões. De "heróis" a "golpistas", cada um via a cena com lentes diferentes. Mas uma coisa é certa: o calor político no DF não vai esfriar tão cedo.