
Eis uma cena que parece saída de um roteiro político: de uma cela na Itália, a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) conectou-se por videoconferência a uma audiência crucial em Brasília. A sessão desta quarta-feira (10) no Conselho de Ética da Câmara pode definir o fim do seu mandato – um capítulo dramático na já turbulenta trajetória da parlamentar.
O que está em jogo? Nada menos que a perda do cargo. O conselho analisa representação do PSOL que acusa Zambelli de quebrar decoro parlamentar. A base da acusação? Seu histórico de ataques verbais e comportamentos considerados desregrados – aquele estilo agressivo que tanto caracteriza sua atuação pública.
A defesa, é claro, não ficou parada. Os advogados dela moveram céus e terra tentando adiar a sessão. Alegaram, veja só, "violação ao devido processo legal" porque Zambelli não estaria podendo se defender adequadamente de trás das grades. O pedido de postponamento? Negado. A audiência seguiu conforme o previsto.
Um detalhe que muda tudo
E tem um ponto crucial aqui: a participação por videoconferência não foi iniciativa dela. Foi o próprio conselho que autorizou a conexão remota – um reconhecimento tácito da situação extraordinária em que a deputada se encontra. Afinal, não é todo dia que uma parlamentar brasileira responde a processos da Itália.
Falando nisso… a prisão preventiva de Zambelli na terra da pizza aconteceu por conta de um processo por posse ilegal de arma. Sim, aquela mesma arma que protagonizou aquele incidente vergonhoso durante as eleições de 2022. A Justiça italiana considerou que havia risco de fuga – e pronto, lá se foi ela para a cadeia.
O que esperar agora?
O Conselho de Ética deve votar em breve sobre o relatório do deputado Felipe Becari (União-PR), que recomenda a cassação do mandato. Se aprovado, o caso segue para o plenário da Câmara – onde os 513 deputados decidirão, em votação secreta, o destino político de Zambelli.
Enquanto isso, do outro lado do oceano, a deputada enfrenta seu calvário particular. A defesa na Itália já entrou com pedido de liberdade – sem sucesso, até agora. Resta a ela acompanhar, por uma tela, as decisões que podem acabar com sua carreira política.
Ironia das ironias: quem sempre defendeu leis mais duras e o "bandido bom é bandido morto" agora experimenta na pele o sistema penal europeu. A vida prega peças curiosas, não?