Orla da Pajuçara Vira Palco de Protesto Contra PEC da Blindagem e PL da Anistia em Maceió
Protesto contra blindagem política agita orla de Maceió

Não deu outra. A Orla da Pajuçara, normalmente tomada por turistas e banhistas, transformou-se num palco de insatisfação popular neste domingo ensolarado. Centenas de alagoanos — e olha que não foram poucos — decidiram trocar o descanso pelo protesto, ocupando as areias com cartazes, bandeiras e uma gritaria que ecoou por toda a costa.

O motivo? Duas propostas que andam tirando o sono de muita gente: a PEC da Blindagem e o projeto de lei que prevê anistia para multas eleitorais. A galera simplesmente não engoliu a possibilidade de políticos investigados escaparem ilesos — e foi deixar claro.

O clima na orla: mais quente que o sol do meio-dia

Perto das 9h da manhã, o movimento já começava a ganhar corpo. E não foi algo discreto, não. Os organizadores — um conjunto de entidades e movimentos sociais — estimam que pelo menos 500 pessoas compareceram. Imagina só: uma multidão vestida de preto, cor simbólica do luto pela democracia, cantando palavras de ordem e segurando faixas com frases de efeito.

"Não vai ter blindagem! Não vai ter anistia!" — esse foi o refrão que dominou a manhã, repetido com uma convicção que dava arrepios. Teve até carro de som animando a turma, que seguia firme e forte sob um sol que, convenhamos, não facilitava em nada.

Mas afinal, o que tá pegando?

Bom, pra quem ainda não tá por dentro da treta, a PEC 5/2025 — apelidada de PEC da Blindagem — quer dificultar, e muito, a investigação de autoridades. Basicamente, criaria uma série de obstáculos processuais antes que qualquer ação penal pudesse seguir adiante. Já o PL 5.008/2025, a tal da anistia, perdoaria dívidas de partidos e candidatos por multas eleitorais. Conveniente, não?

Os manifestantes enxergam as duas medidas como um pacote de impunidade disfarçado de legalidade. "É um acinte, uma afronta à justiça e ao contribuinte", soltou uma professora que preferiu não se identificar. Ela não estava sozinha na indignação.

Vozes da manifestação: o povo fala, e alto

A diversidade era notável. Jovens, idosos, estudantes, trabalhadores — todo mundo ali com um motivo particular para protestar, mas unidos por um descontentamento geral. "A gente já cansa de ver escândalo atrás de escândalo e ninguém pagar por isso", disparou um universitário, segurando uma placa escrita à mão: "Não me representa quem não me respeita".

Teve também quem lembrasse de casos locais. Em Alagoas, a operação Taturana — que investigou desvios na saúde — ainda está fresca na memória. "Enquanto a gente paga conta hospitalar, querem blindar quem desviou verba da saúde? Não rola", criticou uma enfermeira aposentada, aos berros.

Não foi um protesto só de reclamação, não. Teve propostas sendo jogadas no ar, discussões fervorosas sobre reforma política, transparência… A galera queria soluções, não só protesto.

E a reação oficial? Até agora, silêncio.

Enquanto isso, das estruturas oficiais — Câmara, Assembleia — nenhum pronunciamento de peso até o fechamento deste texto. O silêncio, pra muitos, já é uma resposta. "Eles fingem que não é com eles, mas a gente sabe que é", resmungou um dos organizadores, visivelmente cansado mas ainda com voz de guerra.

A manifestação seguiu pacífica, mas com uma energia que dificilmente será ignorada. Por volta do meio-dia, o grupo se dispersou, mas a mensagem ficou: Alagoas — ou pelo menos uma parte barulhenta dela — não vai aceitar quieta medidas que cheiram a privilégio e impunidade.

O que vem pela frente? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: se essas propostas seguirem adiante, pode esperar que a rua vai voltar a falar — e mais alto ainda.