
Não era uma terça-feira comum no centro de Manaus. Longe disso. Enquanto o relógio marcava pouco depois das 16h, uma corrente humana — vibrante, barulhenta e absolutamente determinada — começava a tomar conta da Avenida Eduardo Ribeiro. O alvo? Uma única e polêmica proposta: a famigerada PEC da Blindagem e Anistia.
Organizado por um leque diverso de entidades sindicais e movimentos populares, o protesto era uma resposta efervescente ao que muitos veem como um acinte à Justiça. A proposta, que segue tramitando no Congresso, basicamente criaria um escudo protetor para figuras públicas sob investigação — e, pasmem, poderia até mesmo apagar algumas condenações já existentes.
Um coro de insatisfação
"É um absurdo sem tamanho!", bradou uma professora, segurando sua placa com força. A energia era palpável, carregada de uma frustração que parece ter transbordado depois de tanto tempo contida. Cartazes criativos e palavras de ordem afiadas ecoavam pelos prédios históricos, mostrando que a população não está nada disposta a engolir mais essa.
E não parou por aí. Os organizadores foram claríssimos: esse foi só o primeiro round. Eles prometem transformar isso em uma campanha permanente, uma verdadeira enxurrada de pressão popular, até que a tal PEC seja arquivada de uma vez por todas. A mensagem é clara: a sociedade amazonense está de olho e não vai baixar a guarda.
O que está realmente em jogo?
Para além dos discursos inflamados, o cerne da questão é profundo. Especialistas em Direito Constitucional que acompanham o caso alertam: aprovar uma emenda dessas é como abrir uma caixa de Pandora jurídica. Ela não só prejudicaria investigações em andamento de forma irreparável, como mandaria uma mensagem terrível — a de que alguns são intocáveis perante a lei.
O protesto em Manaus não foi um evento isolado. Ele se conecta com um sentimento nacional, um verdadeiro grito que vem se formando de norte a sul do país contra o que muitos chamam de "privilegiados da lei".
Enquanto isso, em Brasília, a discussão segue quente. E agora, com a rua esquentando e mostrando sua força, fica a pergunta que não quer calar: os parlamentares vão mesmo optar por ignorar o clamor popular?
Uma coisa é certa: as ruas de Manaus, pelo menos, já deram sua resposta. E ela foi dada em alto e bom som.