
Não foi um simples papo de boteco. O que rolou naquela reunião em julho de 2022 deixou marcas profundas — e agora a Justiça tem provas concretas. O Comando de Inteligência Digital (CID) reafirmou nesta sexta-feira (5) que Jair Bolsonaro, então presidente, leu na íntegra uma minuta que previa medidas golpistas.
Segundo os investigadores, não se tratava de um rascunho qualquer. O documento — detalhado como um verdadeiro manual para derrubar instituições — foi discutido ponto a ponto durante o encontro no Palácio da Alvorada. E olha só: o ex-mandatário não apenas ouviu, mas fez intervenções específicas.
O que dizem as evidências
Os áudos obtidos pelo CID mostram uma conversa que arrepiaria qualquer defensor da democracia:
- Bolsonaro questionou abertamente a legitimidade das urnas eletrônicas
- Houveram sugestões de mudanças no TSE que beiram o absurdo
- Discutiram-se medidas para pressionar ministros do STF
"Não se trata de mera especulação", afirmou um dos investigadores sob condição de anonimato. "Temos gravações que comprovam o envolvimento direto do ex-presidente."
As consequências
Enquanto isso, nos corredores do poder, o clima é de tensão. Alguns aliados do ex-presidente já começaram a "descer do barco" — como se diz no jargão político. Outros, porém, insistem na narrativa de "perseguição política".
O que poucos contestam? As provas são robustas. E o timing? Nada aleatório. Com as eleições municipais se aproximando, o caso ganha contornos ainda mais explosivos.
Para especialistas em Direito Constitucional consultados pela reportagem, as revelações podem representar um ponto de virada. "Quando você tem o chefe do Executivo discutindo medidas claramente antidemocráticas, estamos falando de crime contra o Estado Democrático de Direito", alerta uma professora da USP que preferiu não se identificar.