
Eis que, numa manhã qualquer de Brasília, a rotina do Lago Sul é quebrada por uma aparição que mais parecia um daqueles quadros surreais que a política brasileira adora presentear. Lá estava ele, Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, posicionado na garagem de sua própria casa como quem espera um táxi numa terça-feira comum.
Só que não era uma terça-feira comum. Longe disso. Horas depois, o placar do Supremo Tribunal Federal se reacenderia para um capítulo crucial do julgamento que pode, literalmente, mudar o jogo para o bolsonarismo. Coincidência? Talvez. Teatro político? Quem sabe. O fato é que as câmeras não perdoaram.
O cenário: por volta das 8h da manhã, o céu de Brasília ainda carregava aquele azul característico do cerrado. De repente, o portão eletrônico se abre e revela a figura do ex-mandatário, vestindo uma camisa azul escura — quase um uniforme não oficial dele, diga-se. Ele parecia… tranquilo? Sereno? Ou apenas encenando uma calma que não sentia?
Não demorou nem cinco minutos para as imagens vazarem e tomarem conta do X, antigo Twitter. De um lado, os apoiadores: "homem livre, inocente, enfrentando a perseguição". Do outro, os críticos: "encenação para a base, tentativa de manipular a narrativa". No meio, claro, uma torrente de memes. Porque o Brasil pode até estar dividido, mas o humor ninguém tira.
O que está em jogo no STF?
Poucas horas depois dessa cena quase doméstica — sim, a política também se faz na garagem, aparentemente —, os ministros do Supremo retomariam o julgamento que discute a suspeição do ex-juiz Sergio Moro no caso que condenou Lula. Um processo antigo, cheio de idas e vindas, mas que agora envolve Bolsonaro diretamente.
Não é exagero dizer que as consequências podem ser brutais. Se o STF entender que Moro foi parcial, toda a teia processual que veio depois pode desmoronar como castelo de cartas. E aí, meu amigo, é voltar quase dez anos na linha do tempo política do país.
Bolsonaro, claro, não é apenas um espectador. Ele é peça-chave nesse tabuleiro. Sua condenação ou absolvição pode ditar o ritmo das oposições, abalar alianças ou até mesmo reacender movimentos que pareciam adormecidos.
E o povo, o que diz?
Nas redes, o burburinho foi instantâneo. "Ele sabe de algo que nós não sabemos", comentou um perfil influente de direita. "Tentativa desesperada de parecer controlado", rebateu um militante de esquerda. A polarização, como sempre, falou mais alto.
Mas além do debate político raso, uma pergunta pairou no ar: por que justo hoje? Por que aparecer na garagem, sabendo que as câmeras estariam lá? Será que era um recado? Uma provocação? Ou apenas um homem, no silêncio de sua casa, tentando respirar fundo antes de mais uma batalha judicial?
Difícil saber. O que importa é que a imagem correu o mundo — ou pelo menos o Brasil — e mais uma vez mostrou como a vida pública e privada se misturam num país onde a política é esporte, drama e reality show, tudo ao mesmo tempo.
Enquanto isso, no STF, os ministros se preparam para escrever mais um capítulo dessa novela que, parece, nunca tem fim. Fiquemos de olho.