
A tensão em Brasília atingiu um patamar difícil de ignorar nesta segunda-feira. Eduardo Bolsonaro, deputado federal, e Paulo Figueiredo, ex-secretário de Comunicação, saíram publicamente em defesa do patriarca da família, Jair Bolsonaro, após a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República. As palavras escolhidas foram duras, diretas e deixaram pouco espaço para interpretações ambíguas.
"Fajuta". Essa foi a qualificação dada por Eduardo Bolsonaro à acusação da PGR. Ele não poupou críticas, afirmando que o documento carece totalmente de fundamento legal e factual. Em suas redes sociais, o deputado foi além, acusando o procurador-geral da República, Paulo Gonet, de agir com claro viés político. "Mais uma tentativa desesperada de criminalizar a oposição", disparou, sugerindo que a ação se insere num contexto de assédio jurídico.
Paulo Figueiredo, por sua vez, ecoou o sentimento e amplificou o tom de confronto. Para ele, a denúncia não passa de uma "evidência cristalina de perseguição política". Figueiredo, conhecido por seu estilo aguerrido, relacionou o fato a outros episódios recentes que, na visão do bolsonarismo, configuram uma ofensiva coordenada contra aliados do ex-presidente. A situação, segundo ele, é gravíssima e expõe as entranhas de um sistema que estaria usando instrumentos do Estado para fins escusos.
O cenário por trás das câmeras
O que realmente está em jogo aqui? Especialistas em direito constitucional ouvidos de forma informal – a coisa toda ainda é muito quente para declarações oficiais – apontam que a reação furiosa do núcleo duro bolsonarista é um movimento calculado. Busca-se, claramente, moldar a opinião pública antes mesmo que o mérito da denúncia seja sequer discutido nos tribunais. É uma estratégia de guerra política, pura e simples.
Do outro lado, setores alinhados ao governo Lula observam a movimentação com certa cautela. Evitam, por enquanto, um embate direto nas mesmas bases, preferindo destacar que a PGR age com autonomia e que o Judiciário é soberano para analisar a procedência – ou não – das acusações. É um jogo de xadrez de altíssimo nível, onde cada palavra pesa uma tonelada.
O clima, definitivamente, não é dos melhores. A polarização, que parecia ter arrefecido um pouco, volta com força total, alimentada por declarações inflamadas de ambos os lados. O Brasil parece respirar política 24 horas por dia, e episódios como este só jogam mais lenha na fogueira. Resta saber como as instituições vão reagir a toda essa pressão. A bola, agora, está com a Justiça.